O “adeus” de Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”
[...]
Passaram-se tempos... séc’los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo*...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
(Castro Alves. Espumas flutuantes, 1997.)
O poema manifesta uma concepção de mulher
idealizada, fruto do amor platônico do eu lírico.
real e próxima, objeto de desejo do eu lírico.
sensual e querida, mas como desejo utópico.
concreta, tratada sem encantamento e ternura.
divinizada, levada à condição espiritual e religiosa.