Notícias falsas são 70% mais compartilhadas do que as verdadeiras
O poder das notícias falsas é grande, mas a essa altura não é novidade para ninguém. Foi utilizado sistematicamente inclusive para ajudar a eleger o presidente Donald Trump, em 2016. “Definir o que é verdadeiro ou falso se tornou uma estratégica política comum, substituindo debates baseados em fatos mutuamente acordados”, afirma um estudo feito por pesquisadores do MIT publicado na revista Science.
Eles perceberam que os estudos atuais sobre as famigeradas notícias falsas (ou “fakenews”) se limitam a analisar rumores únicos com o objetivo de aprimorar sistemas de detecção de mentiras para reduzir a sua propagação. Nenhuma pesquisa, no entanto, havia se dedicado a entender a diferença da dispersão entre notícias falsas e verdadeiras.
Para isso, pegaram a base de dados de seis sites de checagem de fatos, selecionando as informações com pelo menos 95% de concordância entre eles sobre a veracidade ou não de determinada notícia. Acabaram com 126 mil rumores, espalhados por 3 milhões de usuários mais de 4,5 milhões de vezes.
“As notícias falsas se difundiram de maneira significativamente mais rápida, profunda e ampla do que os fatos verdadeiros”, concluíram. Enquanto as fakenews mais influentes atingiram de mil a 100 mil pessoas, as verdadeiras raramente foram difundidas para mais do que mil pessoas. A verdade, por sua vez, leva seis vezes mais tempo para atingir um grupo de 1,5 mil pessoas.
Quando a notícia falsa se trata de política, a dispersão é ainda mais intensa. Elas atingem 20 mil pessoas quase três vezes mais rápido que os outros tipos de notícias falsas atingem 10 mil. Quando estimaram a probabilidade de uma notícia ser compartilhada, viram que as falsas têm 70% mais chances de serem compartilhadas que as verdadeiras.
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A explicação, segundo os pesquisadores pode ser bem simples: novidades atraem a atenção humana. Elas contribuem para a tomada de decisão e encorajam o compartilhamento de informações porque a novidade atualiza o entendimento do mundo.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/03/noticias-falsas-sao-70-maiscompartilhadas-do-que-verdadeiras.html. Acesso em 16 Out 2018.
De acordo com o texto, pode-se dizer que o uso de “fake news” como estratégia política está relacionado:
ao fenômeno da pós-verdade, em que, na moldagem da opinião pública, as crenças e emoções do eleitor têm mais importância que os fatos objetivos.
ao baixo nível de escolaridade dos eleitores, que não conseguem distinguir notícias falsas de verdadeiras e não utilizam agências de checagem.
à dinâmica eleitoral dos países desenvolvidos, onde as pessoas têm amplo acesso à internet, tendo influenciado a eleição presidencial dos EUA, em que Donald Trump foi eleito.
às falhas no acesso à informação qualificada, uma vez que os eleitores não encontram portais de notícia confiáveis para conferir as notícias que recebem pelas redes sociais.
à ausência de mecanismos internos de controle de redes sociais, que não punem os propagadores, e de mecanismos externos de controle por parte das instituições eleitorais.