Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, abre-se com falas dos personagens Johann e Bertran:
— Silêncio, moços! acabai com essas cantilenas horríveis! Não vedes que as mulheres dormem ébrias, macilentas como defuntos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro naquelas pálpebras onde a beleza cinzelou os olhares da volúpia?
— Cala-te, Johann! Enquanto as mulheres dormem e Arnold-o-loiro cambaleia e adormece murmurando as canções de orgia de Tieck, que música mais bela que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu, como um bando de corvos errantes, e a lua desmaia, como a luz de uma lâmpada sobre a alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passada ao reflexo das taças?
AZEVEDO, Álvares de. Noite na Taverna. Lisboa: Tipografia de J.H. Verde, 1878, p. 1.
Em relação às histórias envolvendo os três personagens mencionados na abertura de Noite na Taverna, assinale a alternativa correta.
O clima sombrio da abertura de Noite na taverna, com suas mulheres bêbadas e desprovidas de idealidade, demonstra que seu autor, Álvares de Azevedo, não pode ser considerado romântico.
Por ironia, embora sejam as palavras de Johann que abram Noite na Taverna, ele não contará nenhuma das histórias do livro.
Bertran conta uma história de traições e assassinatos que inclui o caso de uma pequena embarcação perdida no mar cujos ocupantes praticam o canibalismo.
O leitor descobrirá nas páginas finais de Noite na taverna que Arnold-o-loiro na verdade é Artur, já que ele acordará de sua embriaguez e contará uma história de incesto que viveu.
O capítulo final de Noite na Taverna é narrado em terceira pessoa, entrelaça todas as histórias contadas em primeira pessoa e constrói um fecho para o livro.