ETEC 2011/2

No texto a seguir, que é pura ficção, o escritor Antonio Prata imaginou uma carta que Henrique e Francisca, pais de Alberto Santos Dumont, teriam escrito ao filho, à época residindo em Paris.

 

Considere essa carta para responder a questão. 

 

Bom Senso

Fazenda Cabangu, Minas Gerais, 26/03/1903.

Albertinho, querido filho, que saudades!

  Recebemos tua última missiva [carta] e ficamos contentes que estejas bem de saúde. Aguardamos ansiosos o teu retorno, tua mãe já não dorme mais, de tão saudosa, e já pediu ao Mané da venda três potes daquela compota de figo que tanto te apetece!

  Apesar de serem as compotas um assunto saboroso, não é sobre elas que quero falar aqui, Alberto. O que nos tem preocupado um pouco, filho querido, é a tua insistência com o tal aeroplano. Tu me pedes dinheiro para mais um semestre em Paris e uma outra quantia para investir neste teu novo projeto, mas não a daremos.

  Tua mãe e eu sempre te apoiamos; tu hás de recordar que, aos sete anos, quando as crianças não podiam sequer chegar perto do gramofone*, já te deixávamos conduzir as locomotivas Baldwin da fazenda e jamais ralhamos quando desmontavas a máquina de costura da tua mãe, pois sempre soubemos que não estávamos diante de traquinagens, mas do desabrochar de um talento. No entanto, meu caro Alberto, hás de saber reconhecer, nessa vida, a hora de desistir.

  Ajudamos quando querias dar a volta na torre Eiffel com aquele dirigível e patrocinamos outras tantas sandices aéreas, mas já basta! Quantas vezes já não te esborrachaste no chão? Pretendes sair do solo com uma máquina mais pesada que o ar?! Alberto, não está na hora de encontrares um rumo definitivo para a tua vida?

  O que nos preocupa é teu futuro. Tantas coisas interessantes acontecendo no mundo... Viste as últimas locomotivas a vapor alemãs? Os automóveis, Alberto, feitos pelo senhor Ford?! As imagens em movimento daqueles franceses, os Lumière? E tu, meu filho, insistindo num pássaro artificial, feito de seda e bambu! O futuro, Alberto, está nos trens! Por que diabos, mesmo que tu conseguisses fazer subir essa geringonça ao céu, será que alguém se interessaria em voar? As estradas de ferro estão tão boas! Já é possível vir de São Paulo ao Rio em 12 horas! Apenas 12 horas, Alberto!

  Meu filho, eu te rogo: voltes! Vê só: os teus cunhados Villares estão investindo grandes quantias na construção de elevadores − esta sim uma maneira segura de se chegar ao céu! − e me prometeram que podem arrumar-te um empreguinho, primeiro na área de manutenção e quem sabe, mais tarde, na área de criação de mecanismos ou chefia de cabos e roldanas? Sê razoável, querido filho, se Deus quisesse que voássemos, nos teria feito com asas. O mundo, Alberto, não é como nos romances de Júlio Verne*!

Abraços esperançosos de teus pais,

Henrique Dumont e Francisca Santos

P.S.: Tuas queridas irmãs Maria Rosalina, Virgínia, Gabriela, Sofia e Francisca gozam de boa saúde e mandam lembranças.

(PRATA, Antonio. As pernas da tia Corália. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003. Adaptado)

* gramofone: forma rudimentar de toca-discos.

* Júlio Verne: escritor francês do século XIX e considerado o autor das primeiras obras de ficção científica. 

Pela leitura do texto, é CORRETO afirmar que 

a

Alberto havia pedido, em carta anterior, que os cunhados lhe arranjassem um emprego.

b

a relação familiar entre Alberto e seus pais não era marcada pela afetividade e pela compreensão

c

o pai comunica, com pesar, que não enviaria outra soma em dinheiro, pois não dispunha de recursos.

d

os pais consideravam uma tolice projetar aeroplanos, pois era mais lucrativo dedicar-se à invenção do elevador.

e

Henrique e Francisca eram pessoas sensíveis, pois várias vezes incentivaram os dons que reconheciam no filho.

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