ENEM 2017

No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela Igreja.

MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).

Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a)

a
luta de classes é estimulada pelo livre mercado.
b
poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.
c
doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.
d
espaço político é dominado pelo interesse empresarial.
e
manipulação ideológica é favorecida pela privação material.
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Resposta
E
Tempo médio
2 min

Resolução

A questão pede para identificar o fundamento do posicionamento inicial da hierarquia católica em relação ao golpe militar de 1964, conforme descrito no texto. Vamos analisar o texto passo a passo:

  1. Identificar a posição da Igreja antes do golpe: O texto afirma que os documentos episcopais indicavam que o desenvolvimento econômico capitalista, com justa distribuição de riqueza, resolveria o problema da miséria rural.
  2. Identificar o objetivo dessa solução: O objetivo era suprimir a possibilidade do "proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses". Ou seja, a Igreja via a pobreza rural como um terreno fértil para a disseminação do comunismo.
  3. Conectar a posição ao apoio ao golpe: O texto conclui que "Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela Igreja". Isso significa que a Igreja apoiou o golpe porque acreditava que ele poderia promover o desenvolvimento econômico (e conter a miséria) e, consequentemente, barrar o avanço comunista.
  4. Analisar as alternativas à luz dessa interpretação:
    • A - luta de classes é estimulada pelo livre mercado: O texto sugere que o capitalismo *com distribuição de riqueza* resolveria o problema, não que o livre mercado por si só estimularia a luta de classes de forma a justificar o golpe na visão da Igreja.
    • B - poder oligárquico é limitado pela ação do Exército: O texto não menciona a limitação do poder oligárquico como a razão do apoio da Igreja.
    • C - doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior: O texto afirma o oposto: a Igreja queria resolver a miséria rural.
    • D - espaço político é dominado pelo interesse empresarial: Embora possa ser um fator histórico, não é o fundamento apresentado no texto para a posição da Igreja.
    • E - manipulação ideológica é favorecida pela privação material: Esta alternativa corresponde diretamente à lógica do texto. A "manipulação ideológica" refere-se ao "proselitismo e expansão comunista", e a "privação material" refere-se à "miséria rural". A Igreja acreditava que a pobreza facilitava a aceitação do comunismo.
  5. Conclusão: A alternativa E expressa corretamente o raciocínio da hierarquia católica descrito no texto: a pobreza (privação material) tornava os camponeses vulneráveis à ideologia comunista (manipulação ideológica), e o golpe foi visto como um meio de conter isso, possivelmente através do desenvolvimento econômico.

Dicas

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Qual era o principal temor da Igreja mencionado no texto?
Que condição social, segundo o texto, facilitava a expansão desse temor?
Como a Igreja acreditava que o problema poderia ser resolvido?

Erros Comuns

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Interpretar a posição inicial da Igreja (descrita no texto) à luz da postura crítica que parte dela adotou posteriormente durante a ditadura.
Não perceber a conexão direta feita no texto entre miséria rural -> vulnerabilidade ao comunismo -> apoio ao golpe como solução.
Confundir a justificativa específica da Igreja (anti-comunismo via combate à miséria) com outras motivações gerais para o golpe (interesses econômicos, geopolítica da Guerra Fria, etc.).
Não associar "proselitismo comunista" com "manipulação ideológica" e "miséria rural" com "privação material".
Revisão

Para resolver esta questão, é útil revisar alguns conceitos e contextos históricos:

  • Contexto Pré-1964 no Brasil: Período de grande efervescência política e social, com debates sobre reformas de base (agrária, urbana, educacional), forte polarização ideológica e instabilidade política sob o governo de João Goulart.
  • Guerra Fria: O conflito ideológico global entre EUA (capitalismo) e URSS (comunismo) influenciava fortemente a política interna brasileira. Havia um temor significativo, em setores conservadores (incluindo parte da Igreja, militares e empresários), de que o Brasil pudesse seguir um caminho socialista ou comunista.
  • Igreja Católica no Brasil (pré-1964): A Igreja Católica era uma instituição influente. Embora houvesse correntes progressistas (ligadas à Teologia da Libertação, que ganhava força), a hierarquia e setores majoritários tendiam a ser conservadores e anticomunistas. Viam o comunismo como uma ameaça à fé e à ordem social.
  • Golpe Civil-Militar de 1964: Deposição do presidente João Goulart por forças militares com apoio de setores civis (empresários, classe média, parte da Igreja). Instaurou uma ditadura que durou até 1985.
  • Proselitismo Comunista e Miséria Rural: A ideia de que a pobreza e a desigualdade social, especialmente no campo (onde as Ligas Camponesas atuavam), criavam condições favoráveis para a difusão de ideias comunistas era comum entre os grupos que apoiaram o golpe.
23%
Taxa de acerto
17.4
Média de pontos TRI
Habilidade

Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

Porcentagem de alternativa escolhida por nota TRI
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