“No Ocidente Medieval, a unidade de trabalho é o dia (...) definido pela referência mutável ao tempo atual, do levantar ao pôr do sol. (...) O tempo do trabalho é o tempo de uma economia ainda dominada pelos ritmos agrários, sem pressas, sem preocupações de exatidão, sem inquietações de produtividade”.
Fonte: LE GOFF, Jacques. O tempo do trabalho na crise do século XIV. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.
“Na verdade não havia horas regulares: patrões e administradores faziam conosco o que queriam. Normalmente os relógios das fábricas eram adiantados pela manhã e atrasados à tarde e em lugar de serem instrumentos de medida do tempo eram utilizados para o engano e a opressão”.
(Depoimento de um menino operário de Dundee, 1887)
Fonte: DEANE, Phyllis. A Revolução Industrial: Zahar, 1979 (Adaptado)
As formas como os documentos retratam as diferentes organizações do tempo e do trabalho explicitam que
a invenção do relógio mecânico permitiu a racionalização do tempo, que passou a ser medido em horas tanto nas cidades como no campo.
o calendário agrário, utilizado na vida feudal, obrigava os servos a produzirem em larga escala, sendo objeto de engano e opressão.
a ideia de grande produtividade permeava os dois períodos, mesmo sendo o primeiro agrário e o segundo, fabril.
as mudanças decorrentes da maquinofatura geraram uma nova disciplina e percepção do tempo, marcada pela produtividade.
a produção servil, organizada pelos camponeses, adequava-se mais aos propósitos capitalistas do grande mercado.