No meu sertão
Boa noite, gente rica
De sabença e inducação,
Peço que descurpe os erro
Desta minha falação.
Não conheço português,
Apois eu por minha vez
Nunca mexi com pape,
Mas vou fala na linguage
Da minha gente servage,
Entenda lá quem pude!
Se eu nunca fui à escola
Inducação eu não tenho,
Mas porém peço licença
Mode eu dize de onde venho,
E onde é meu torrão querido,
Lá onde eu tenho vivido,
Que eu não quero que argúem pense
Que sou sujeito de fora,
Apois eu tive a gulora
De também sê cearense.
ASSARÉ, Patativa. Inspiração Nordestina. São Paulo: Hedra, 2003. p. 123.
A partir da leitura do trecho poético acima, pode-se inferir que o eu-lírico:
I – estabelece com naturalidade um contraponto entre os aspectos formal e informal da língua portuguesa.
II – enfatiza liricamente um sentimento nativista.
III – retoma o ambiente urbano como cenário poético.
Está correto o que se afirma apenas em: