No diálogo Fédon, no qual Sócrates dialoga com Cebes, tratando do problema da física, Platão faz Sócrates dizer o seguinte a respeito da busca da causalidade:
Em minha mocidade senti-me apaixonado por esse gênero de estudos a que dão o nome de “exame da natureza”; parecia-me admirável, com efeito, conhecer as causas de tudo, saber por que tudo vem à existência, por que perece e por que existe (...) Ora, certo dia ouvi alguém que lia um livro de Anaxágoras. Dizia este que “o espírito é o ordenador e a causa de todas as coisas”. (...) Grandes eram as minhas esperanças! Pus-me logo a ler, com muita atenção e entusiasmo os seus livros. Lia o mais depressa que podia a fim de conhecer o que era o melhor e o pior. Mas, meu grande amigo, bem depressa essa maravilhosa esperança se afastava de mim! À medida que avançava e ia estudando mais e mais, notava que esse homem não fazia nenhum uso do espírito nem lhe atribuía papel algum como causa na ordem do universo (...) Não me foi possível, porém, adquirir esse conhecimento então, pois nem mesmo eu o encontrei, nem o recebi de pessoa alguma. Mas, quererias, estimado Cebes, que descrevesse a segunda excursão que realizei em busca dessa causalidade?
(PLATÃO. Fédon)
Com base neste texto e em seu conhecimento filosófico, assinale a alternativa INCORRETA.
Sócrates discorda dos pré-socráticos quanto à ideia de que causas materiais sejam a origem das coisas que existem; julga que elas não são as verdadeiras causas.
Sócrates está tratando do início da chamada segunda navegação platônica, que encontra a nova rota quando conduz à descoberta do suprassensível.
Sócrates afirma que é necessário haver uma causa ulterior, a qual, para constituir-se como verdadeira causa, deve pertencer à ordem do sensível.
Para Sócrates, o bom e o conveniente indicam o caráter de não relatividade e de estabilidade, ou seja, o caráter absoluto das Ideias.
Conforme Sócrates, o espírito permanece sempre na mesma condição e o visível não permanece jamais na mesma condição.