UPE 2015

No dia seguinte, Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio, notou que as operações de Sinha Vitória, como

de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros.

Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a

mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os

estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo?

Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!

O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.

Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à

toa, pedia desculpa. [...]

O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo. [...]

Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o dinheiro, examinou-o, procurando adivinhar quanto lhe tinham

furtado. Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda

inventavam juro. Que juro! O que havia era safadeza.

 

Sobre o fragmento do capítulo Contas, do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, assinale a alterna tiva CORRETA.

a

Ao se referir a Sinha Vitória, Fabiano admite que “a mulher tinha miolo.” Essa afirmação significa que a esposa era inteligente, tinha frequentado escola, sabia fazer conta, diferentemente dele, que “era bruto”, pois, também, não sabia ler nem fazer conta, nunca havia frequentado a escola.

b

Quando o narrador personagem afirma que “O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo,” significa que a personagem percebeu que a altivez era a única arma que possuía para enfrentar o proprietário das terras onde trabalhava, por isso resolveu camuflar o orgulho saindo sem dar as costas ao amo.

c

No final do segundo parágrafo, quando se lê: “Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!”, tem-se um discurso direto, pois o narrador se afasta e deixa Fabiano demonstrar, de forma direta, que tem a consciência da exploração do patrão quando faz uso dos verbos no presente.

d

Graciliano Ramos cria duas comparações ao usar o vocábulo branco para designar o patrão e, posteriormente, ao atribuir ao narrador o enunciado: “Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!” coloca a personagem na condição de submisso, tal qual a de um escravo sem direito à liberdade, o que contraria os princípios do romance regionalista de 1930.

e

Há algumas expressões usadas por Graciliano Ramos que quebram a verossimilhança existente entre a linguagem, a condição social e o nível de escolaridade de Fabiano, pois são metáforas eruditas, tais como: “perdeu os estribos”, batendo no chão como cascos” e “baixou a pancada e amunhecou”.

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Resposta
A
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