No conto O ovo e a galinha, de Clarice Lispector, uma das características da 3ª fase do Modernismo está presente no fragmento: “As galinhas prejudiciais ao ovo são aquelas que são um “eu” sem trégua. Nelas o “eu” é tão constante que elas já não podem mais pronunciar a palavra “ovo”. Mas, quem sabe, era disso mesmo que o ovo precisava. Pois se elas não estivessem tão distraídas, se prestassem atenção à grande vida que se faz dentro delas, atrapalhariam o ovo. Comecei a falar da galinha e há muito já não estou falando mais da galinha. Mas ainda estou falando do ovo”.
Fonte: (LISPECTOR, Clarice. O ovo e a galinha, de Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.)
Essa característica é:
A realidade objetiva que situa o ovo e a galinha num mesmo plano.
O fluxo de consciência já que por meio dele se cruzam vários planos narrativos.
A autoanálise feita pela autora por meio da galinha que é mais importante que o ovo.
A ficção científica representada pelas galinhas que são figuras distraídas.
A linearidade dos eventos que termina com a extinção da galinha.
Para resolver esta questão, siga os passos abaixo:
1. Identificação da fase: A 3ª fase do Modernismo brasileiro (década de 1940 em diante) privilegia a subjetividade, a interioridade e a exploração da consciência do eu.
2. Leitura atenta do fragmento: Note que o narrador transita livremente entre ideias sobre a galinha e o ovo, sem manter uma sequência lógica rígida.
3. Reconhecimento da técnica literária: O fluxo de consciência procura reproduzir o movimento íntimo e fragmentado dos pensamentos, sem intervenção objetiva do narrador.
4. Correlação com o trecho: O texto apresenta digressões constantes, associações livres e fala direta do pensamento interno (“eu”) sem ordem cronológica.
5. Conclusão: Trata-se claramente de fluxo de consciência, que corresponde à alternativa B.
3ª fase do Modernismo: também chamada de fase pós-modernista ou introspectiva, foca na subjetividade, na fragmentação narrativa e na exploração psicológica do eu.
Fluxo de consciência: técnica que busca recriar, de forma quase caótica, o encadeamento dos pensamentos e sensações internas de um personagem ou narrador.
Subjetividade e digressão: característica marcante é o predomínio da voz interior sobre a descrição objetiva dos fatos.