No contexto da cultura ocidental e na história do pensamento político e filosófico, as considerações sobre a necessidade de valores morais prévios na organização do Estado e das instituições sociais sempre foi um tema fundamental devido à importância, para esse tipo de questão, dos conceitos de bem e de mal, indispensáveis à vida em comum.
Diante desse fato da história do pensamento político e filosófico, a afirmação de Espinosa, segundo a qual “Se os homens nascessem livres, não formariam nenhum conceito de bem e de mal, enquanto permanecessem livres” (ESPINOSA, 1983, p. 264), quer dizer o seguinte:
O homem é, por instinto, moralmente livre, fato que condiciona sua ideia de ética social.
Assim como o indivíduo é anterior à sociedade, a liberdade moral antecede noções como bem e mal.
Os valores morais que servem de base para nossa socialização são tão naturais quanto nossos direitos.
Não poderíamos falar de bem e de mal se não nos colocássemos além da liberdade natural.
Não há nenhum vínculo necessário entre viver livre e saber o que são bem e mal.
Neste trecho, Espinosa deixa claro que a ideia de bem e de mal surge na medida em que passamos a viver em sociedade e estabelecemos normas, regras ou convenções para organizar a convivência. Se o homem permanecesse em um estado de total liberdade natural, sem convenções sociais, esses conceitos simplesmente não existiriam. Isso significa que o “bem” e o “mal” são ideias relativas à esfera social e moral, construídas pela interação e pela necessidade de limitar a ação num contexto de convivência.
Dessa forma, a melhor interpretação da citação de Espinosa está expressa na alternativa D: “Não poderíamos falar de bem e de mal se não nos colocássemos além da liberdade natural.”
Conceitos fundamentais: