No clima das ideias que se seguiram à revolta de São Domingos, o descobrimento de planos para um levante armado dos artífices mulatos na Bahia, no ano de 1798, teve impacto muito especial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos conscientes tinham já começado a compreender: as ideias de igualdade social estavam a propagar-se numa sociedade em que só um terço da população era de brancos e iriam inevitavelmente ser interpretados em termos raciais.
MAXWELL. K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M. N. (coord.). O Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas das lideranças populares da Conjuração Baiana (1798) levaram setores da elite colonial brasileira a novas posturas diante das reivindicações populares. No período da Independência, parte da elite participou ativamente do processo, no intuito de
instalar um partido nacional, sob sua liderança, garantindo participação controlada dos afro-brasileiros e inibindo novas rebeliões de negros.
atender aos clamores apresentados no movimento baiano, de modo a inviabilizar novas rebeliões, garantindo o controle da situação.
firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a promoção de mudanças exigidas pelo povo sem a profundidade proposta inicialmente.
impedir que o povo conferisse ao movimento um teor libertário, o que terminaria por prejudicar seus interesses e seu projeto de nação.
rebelar-se contra as representações metropolitanas, isolando politicamente o Príncipe Regente, instalando um governo conservador para controlar o povo.
A questão aborda a postura da elite colonial brasileira diante das ameaças de revoltas populares e de inspiração racial, como a Revolta Haitiana e a Conjuração Baiana, no contexto do processo de Independência do Brasil. O objetivo é entender por que parte dessa elite se engajou ativamente na Independência.
Passo 1: Interpretação do Texto Base
O texto de Kenneth Maxwell descreve o medo da elite branca brasileira após a descoberta de planos de levante na Bahia em 1798 (Conjuração Baiana). Esse medo era intensificado pela lembrança da Revolução Haitiana ("revolta de São Domingos"), uma bem-sucedida revolta de escravizados que levou à independência do Haiti. A elite temia que as ideias de igualdade social, inspiradas pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa, fossem interpretadas em termos raciais no Brasil, onde a população não branca era majoritária. Isso poderia levar a levantes que ameaçariam a ordem social e a estrutura escravista.
Passo 2: Análise do Enunciado
O enunciado conecta diretamente o "temor do radicalismo da luta negra no Haiti" e das "propostas das lideranças populares da Conjuração Baiana" com a postura da elite durante o processo de Independência. Ele afirma que, por causa desse temor, "parte da elite participou ativamente do processo". A pergunta central é: qual era o intuito dessa participação ativa?
Passo 3: Avaliação das Alternativas
Passo 4: Conclusão
A participação da elite no processo de independência foi motivada, em grande medida, pelo desejo de controlar os rumos do movimento, garantindo a separação política de Portugal sem permitir que as transformações sociais almejadas pelos setores populares (especialmente aquelas inspiradas por movimentos como o haitiano e a Conjuração Baiana) se concretizassem. Eles queriam a independência, mas uma independência conservadora, que mantivesse seus privilégios e a estrutura social vigente, incluindo a escravidão. Portanto, a alternativa D é a que melhor descreve esse intuito.
Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.