Negros
Negros que escravizam
e vendem negros na África
não são meus irmãos.
Negros senhores na América
a serviço do capital
não são meus irmãos.
Negros opressores,
em qualquer parte do mundo,
não são meus irmãos.
Só os negros oprimidos,
escravizados,
em luta por liberdade,
são meus irmãos.
Para estes, tenho um poema
grande como o Nilo.
Solano Trindade. O poeta do povo. São Paulo: Ediouro, 2008, p. 41.
Nos projetos que o Modernismo brasileiro, como um movimento estético e também político, propôs, constava a ideia de que a literatura poderia ser uma ferramenta de inclusão. No poema Negros, de Solano Trindade, o trecho “não são meus irmãos”, presente em três estrofes, demonstra que o poeta rejeita não só essa proposta de inclusão, mas também
a crença de que os negros, no Brasil, formam uma comunidade homogênea.
o desenvolvimento de uma consciência de classe entre os que se encontram em situação de opressão.
a ideia de solidariedade entre pessoas que fazem parte do mesmo grupo social.
o surgimento de uma literatura escrita a partir de um ponto de vista afro-brasileiro.