Nas conversas, utilizam-se os paulistanos dum linguajar bárbaro e multifário, crasso de feição e impuro na vernaculidade, mas que não deixa de ter o seu sabor e força nas apóstrofes, e também nas formas de brincar. [...] Mas si de tal desprezível língua se utilizam na conversação os naturais desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta asperidade, [...] exprimindo-se numa outra linguagem, mui próxima da virgiliana.
(Mário de Andrade. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter, 1989.)
O comentário do herói, em uma carta enviada de São Paulo às suas súditas na Amazônia, expressa uma proposta da estética modernista, a saber:
a incorporação da linguagem cotidiana pela literatura.
a imitação da arte europeia de vanguarda.
a simplificação estilística dos textos escritos.
a função da literatura na formação da consciência política.
a absorção artística dos padrões culturais clássicos.