Não tomei café, ia andando meio tonta. A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível só ter ar no estômago. Comecei a sentir a boca amarga. Pensei: já não bastam as amarguras da vida? Parece que quando nasci o destino marcou-me para passar fome. Catei um saco de papel. Ia catando tudo que encontrava.
JESUS, Carolina Maria de, 1914-1977. Quarto de despejo: diário de uma favelada / Carolina Maria de Jesus; ilustração Vinicius Rossignol Felipe. – 10. ed. – São Paulo : Ática, 2014. 200p. : il.
Com base nos elementos e na interpretação da obra Quarto de Despejo, Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus, assinale a alternativa correta.
A obra elabora o cotidiano da narradora-personagem e revela a discriminação e a marginalização da mulher negra na sociedade brasileira.
A obra explora a questão da liberdade de expressão em um contexto de Ditadura Militar.
A narrativa da autora em terceira pessoa aborda a questão da miséria humana e da subalternidade em sociedades autoritárias.
A narrativa que compõe a obra denuncia a exploração dos empregados domésticos no contexto neoliberal nas três últimas décadas, no Brasil.
A ascensão da chamada Classe “C” e o consumismo são os temas principais dos poemas que compõem a obra.
A obra “Quarto de Despejo, Diário de uma Favelada”, de Carolina Maria de Jesus, foi publicada em 1960 e trouxe à tona questões sociais relativas à pobreza, à exclusão e ao racismo que muitas vezes são invisibilizadas pela sociedade. O livro consiste em registros do diário pessoal da autora, que vivia em uma favela em São Paulo, retratando o cotidiano difícil e as situações de fome e de discriminação pelas quais passava. A opção correta é a alternativa A, pois descreve precisamente a principal característica do livro: a perspectiva da narradora-personagem que enfrenta a discriminação e a marginalização devido a sua condição social e ao fato de ser uma mulher negra em uma sociedade desigual. A narrativa também denuncia a falta de recursos básicos e revela as dores e reflexões de alguém que lutava pela sobrevivência diária.
Carolina Maria de Jesus: foi uma escritora brasileira, moradora de uma favela de São Paulo, que relatou em primeira pessoa as experiências de pobreza e exclusão social. Seu livro é um documento importante da literatura marginal no Brasil.
Autobiografia e marginalização: o texto é construído a partir do ponto de vista direto da autora sobre fome, miséria e discriminação, evidenciando o impacto do racismo e das estruturas sociais.
Narrativa em primeira pessoa: o estilo diarístico permite que o leitor conheça, sem filtros, o que a autora vivenciava, reforçando o tom de denúncia social.