Não há dúvida que uma literatura, sobretudo uma literatura nascente, deve principalmente alimentar-se dos assuntos que lhe oferece a sua região; mas não estabeleçamos doutrinas tão absolutas que a empobreçam. O que se deve exigir do escritor antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço.
(Machado de Assis. “Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade”. Obra completa, vol 3, 1986.)
O texto de Machado de Assis, publicado em 1873,
propõe que, durante o período de construção do Estado nacional brasileiro, os artistas dediquem-se prioritariamente aos temas e preocupações essencialmente patrióticos.
valoriza a subjetividade e a manifestação singular e única de cada artista, rejeitando qualquer relação entre criação artística e realidade nacional presente.
enfatiza a universalidade de toda produção cultural e propõe que escritores e pintores abandonem qualquer preocupação local para que o Brasil se insira rapidamente no mercado internacional.
estimula o desenvolvimento de políticas públicas, pelo Estado imperial brasileiro, para o financiamento da produção artística nacional e para a redução da penetração cultural estrangeira.
defende um equilíbrio entre nacionalismo e universalismo e analisa a preocupação de escritores e pintores que, no Brasil Império, buscavam identificar as características próprias da arte brasileira.