Não é possível explorar a colônia sem desenvolvê-la; isto significa ampliar a área ocupada, aumentar o povoamento, fazer crescer a produção. É certo que a produção se organiza de forma específica, dando lugar a uma economia tipicamente dependente, o que repercute também na formação social da colônia. Mas, de qualquer modo, o simples crescimento extensivo já complica o esquema; a ampliação das tarefas administrativas vai promovendo o aparecimento de novas camadas sociais, dando lugar aos núcleos urbanos etc. Assim, a pouco e pouco se vão revelando oposições de interesse entre colônia e metrópole, e quanto mais o sistema funciona, mais o fosso se aprofunda. Por outro lado, a exploração colonial, quanto mais opera, mais estimula a economia central, que é o seu centro dinâmico. A industrialização é a espinha dorsal desse desenvolvimento, e quando atinge o nível de uma mecanização da indústria (Revolução Industrial), todo o conjunto começa a se comprometer porque o capitalismo industrial não se acomoda nem com as barreiras do regime de exclusivo colonial nem com o regime escravista de trabalho.
(Fernando A. Novais. “As dimensões da Independência”. In: Carlos Guilherme Mota. 1822 – Dimensões, 1972.)
O texto discute as relações entre colônia e metrópole no final do século XVIII e início do século XIX. Ele refere-se
aos efeitos da industrialização, que proporcionou o fim do caráter dependente das economias coloniais.
à crise do sistema colonial, desencadeada tanto por contradições internas como por fatores externos à colônia.
ao desenvolvimento industrial da colônia e da metrópole, que garantiu a manutenção do monopólio comercial e da escravidão.
à importância do pacto colonial, que facilitou a adaptação da colônia e da metrópole às mudanças provocadas pela industrialização.
à dinâmica da relação colônia-metrópole e à convergência de interesses entre os setores urbanos e rurais da colônia.