Não creio que o tempo
Venha comprovar
Nem negar que a História
Possa se acabar
Basta ver que um povo
Derruba um czar
Derruba de novo
Quem pôs no lugar
[...]
Quantos muros ergam
Como o de Berlim
Por mais que perdurem
Sempre terão fim
[...]
Por isso é que um cangaceiro
Será sempre anjo e capeta, bandido e herói
Deu-se notícia do fim do cangaço
E a notícia foi o estardalhaço que foi
Passaram-se os anos, eis que um plebiscito
Ressuscita o mito que não se destrói
(GIL, 2015).
Os versos “Por isso é que um cangaceiro / Será sempre anjo e capeta, bandido e herói / Deu-se notícia do fim do cangaço/ E a notícia foi o estardalhaço que foi / Passaram-se os anos, eis que um plebiscito / Ressuscita o mito que não se destrói”, pode ser relacionados ao fato de
o cangaceiro atuar, em determinados momentos, como aliados dos grandes coronéis e, em outros momentos, cometendo atos de vingança contra alguma injustiça social.
a imprensa da República Velha ter adquirido autonomia e isenção política e ideológica na informação dos fatos políticos, o que resultou na criação de mitos, como o do cangaço.
o processo industrial e de urbanização, decorrentes da política econômica do governo de Getúlio Vargas, extinguir qualquer ação governamental de proteção ao setor agroexportador.
o plebiscito realizado pelos militares no período populista ter dado vitória à tese da saída do presidente João Goulart do poder, diante da ameaça de uma revolução civil.
a ditadura civil-militar ter apoiado o culto a personagens oriundos da camadas pobres, como Lampião, Antônio Conselheiro e João Cândido, na busca de respaldo popular.