ENEM 2017 libras
Na segunda metade do século XIX, a capoeira era uma marca da tradição rebelde da população trabalhadora urbana na maior cidade do Império do Brasil, que reunia escravos e livres, brasileiros e imigrantes, jovens e adultos, negros e brancos. O que mais os unia era pertencer aos porões da sociedade, e na última escala do piso social estavam os escravos africanos.
SOARES, C. E. L. Capoeira mata um. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
De acordo com o texto, um fator que contribuiu para a construção da tradição mencionada foi a
elitização de ritos católicos.
desorganização da vida rural.
redução da desigualdade racial.
mercantilização da cultura popular.
diversificação dos grupos participantes.
Resolução
A questão pede para identificar, com base no texto fornecido, um fator que contribuiu para a construção da tradição da capoeira na segunda metade do século XIX. O texto descreve a capoeira como uma "tradição rebelde" praticada pela "população trabalhadora urbana" da maior cidade do Império do Brasil.
O ponto central para a resposta está na caracterização dessa população feita pelo texto: "reunia escravos e livres, brasileiros e imigrantes, jovens e adultos, negros e brancos". Essa enumeração demonstra claramente a variedade de origens e condições sociais dos praticantes de capoeira.
O texto ainda afirma que "O que mais os unia era pertencer aos porões da sociedade". Embora a condição social baixa fosse um elo comum, a própria formação desse grupo unido pela marginalização social se deu a partir da junção de pessoas de diversas origens. Portanto, a diversidade dos grupos que participavam e compartilhavam essa prática foi um elemento fundamental na constituição da capoeira como descrita.
Analisando as opções:
- A opção A está incorreta, pois o texto não menciona ritos católicos.
- A opção B está incorreta, pois o texto foca no ambiente urbano, sem discutir a vida rural.
- A opção C está incorreta, pois o texto, ao mencionar "escravos e livres" e colocar os escravos africanos na "última escala do piso social", indica a existência de desigualdade racial, e não sua redução.
- A opção D está incorreta, pois o texto descreve a capoeira como tradição rebelde e popular, sem indícios de mercantilização.
- A opção E está correta, pois o texto enfatiza a variedade de participantes ("escravos e livres, brasileiros e imigrantes, jovens e adultos, negros e brancos"), mostrando que a diversificação dos grupos foi um fator constituinte dessa tradição. A união desses diversos grupos marginalizados deu forma à capoeira descrita.
Portanto, a diversificação dos grupos participantes, conforme explicitado no texto, foi um fator que contribuiu para a construção da tradição da capoeira naquele contexto.
Dicas
Erros Comuns
Para resolver esta questão, é importante compreender o contexto histórico do Brasil na segunda metade do século XIX (Período Imperial), marcado pela escravidão, urbanização incipiente, imigração e profundas desigualdades sociais.
A Capoeira, neste período, era mais do que uma luta ou dança; era uma expressão cultural complexa associada a grupos marginalizados urbanos, incluindo escravizados, libertos, trabalhadores pobres e imigrantes. Funcionava como forma de sociabilidade, resistência cultural e, por vezes, rebeldia contra a ordem social vigente.
A questão exige a habilidade de interpretação textual, focando em identificar no texto os elementos que caracterizam a prática da capoeira e as pessoas envolvidas, para então conectar essas características a um fator que contribuiu para sua formação.
Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
