Na fábula, com a intenção de atravessar o rio, o escorpião convence o sapo a carregá-lo nas costas. No meio da viagem, o anfíbio é picado e ambos morrem. “Desculpe, é da minha natureza”, justifica o escorpião em seu último suspiro.
Mas um novo estudo publicado por pesquisadores do Instituto Butantan e da Universidade Estadual de Utah, nos EUA, mostra uma realidade bem diferente.
Longe da fantasia, o sapo, que não é tão chegado em água fora do período reprodutivo, teria devorado o escorpião antes que ele terminasse a primeira tentativa de comunicação, e, mesmo que topasse servir de montaria aquática, o anfíbio não teria morrido ao ser picado.
Pela primeira vez, cientistas mostraram que o sapo-cururu (Rhinella icterica) é um predador voraz do famigerado escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), que se tornou um problema de saúde pública crescente no Brasil, com mais de 140 mil casos anuais de envenenamento.
Em uma pesquisa publicada na revista científica Toxicon, o herpetologista Carlos Jared, do Instituto Butantan, e colaboradores mostram como a refeição acontece em uma questão de segundos e sem qualquer cerimônia.
(Gabriel Alves. Sapo-cururu pode ajudar no combate ao escorpião-amarelo. www.folha.uol.com.br, 27.02.2020.)
No texto, tendo em vista o gênero em que ele se enquadra, predomina a linguagem denotativa. Pode-se apontar, no entanto, o uso de linguagem figurada no trecho: