“[Na Europa, criaram-se] condições favoráveis para o estudo da Medicina (...). Um fator decisivo (...) foi a retomada da herança antiga. (...) Em boa parte, o Ocidente tomou contato com a herança científica clássica graças às culturas bizantina e muçulmana. A partir do século XII foram feitas inúmeras traduções do grego e do árabe para o latim, um pouco em Veneza (por seus contatos com Bizâncio), um pouco na Sicília (anteriormente ocupada por bizantinos e islamitas) e sobretudo na Espanha.”
FRANCO JR. Hilário. A Idade Média, Nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001, pp. 158
“(...) Ocupei-me então em dominar os vários textos e comentários sobre as ciências naturais e as metafísicas até se abrirem para mim todas as portas do saber. Em seguida desejei estudar medicina e empreendi a leitura de todos os livros que tinham sido escritos sobre esse assunto. A medicina não é uma ciência difícil e naturalmente em muito pouco tempo me distingui nela, de maneira em que físicos qualificados começaram a ler medicina comigo. (...)”
AVICENA, apud. ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Livraria Costa Sá da Costa Editora, 1972, pp. 119-120.
A partir dos textos, é possível afirmar que o estudo da medicina durante a Idade Média Central (séc. XI-XIII)
desenvolvia-se na Europa com base em pesquisas empíricas que visavam a confirmar as verdades teológicas reveladas pelos textos cristãos sagrados, e seguia para Bizâncio pelas rotas comerciais.
baseava-se na tradução para o latim de obras antigas chegadas ao Ocidente por intermédio de bizantinos e muçulmanos, e estudos recentes das mesmas feitos por muçulmanos, como Avicena;
realizava-se sob a orientação de mestres bizantinos, que vinham do Oriente ensinar as teorias clássicas apreendidas das obras de filósofos e cientistas gregos como Aristóteles e Hipócrates.
destinava-se a proporcionar aos europeus os conhecimentos necessários para enfrentar as frequentes epidemias nas cidades e nos campos, que já tinham sido eliminadas no Oriente.