Na conhecida ordem do dia do general-em-chefe Artur Oscar, de 6 de outubro de 1897, dia seguinte ao fim do massacre de Canudos, há um trecho que diz: “Nunca se viu uma campanha como esta, em que ambas as partes sustentaram ferozmente as suas aspirações opostas. Vencidos os inimigos, vós lhes ordenáveis que levantassem um viva à República e eles o levantavam à Monarquia e, ato contínuo, atiravam-se às fogueiras que incendiavam a cidade, convencidos de que tinham cumprido o seu dever de fiéis defensores da Monarquia. E que ambos, vós e eles, são brasileiros e ambos extremados em seus ideais políticos.”
(Maria de Lourdes Monaco Janotti. Sociedade e política na Primeira República, 1999.)
O general faz, para seus oficiais e soldados, um balanço da luta que havia acabado de se encerrar no sertão da Bahia. A leitura do documento permite concluir que
a atuação do Exército nacional no extermínio de Canudos recebeu inúmeras condenações por se tratar de um grupo religioso.
a ação do governo brasileiro foi justificada pela atribuição, às lideranças e aos moradores de Canudos, do projeto de restaurar a monarquia.
o extremismo monárquico da liderança de Canudos impediu que uma oferta de cessar fogo do governo fosse aceita pelos sertanejos.
a reação do governo baiano visava aniquilar a experiência dos fanáticos porque receberam apoio logístico dos latifundiários da região.
a condição religiosa de Canudos fez a Igreja Católica condenar o uso exagerado das forças militares contra os moradores do arraial.