Na Belle Époque brasileira, que difusamente coincidiu com a transição para o regime republicano, surgiram aquelas perguntas cruciais, envoltas no oxigênio mental da época, muitas das quais, contudo, nos incomodam até hoje: como construir uma nação se não tínhamos uma população definida ou um tipo definido? Frente àquele amálgama de passado e futuro, alimentado e realimentado pela República, quem era o brasileiro? (...) Inúmeras tentativas de respostas a todas estas questões mobilizaram os intelectuais brasileiros durante várias décadas.
Elias Thomé Saliba. Raízes do riso. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Entre as tentativas de responder, durante a Belle Époque brasileira, às dúvidas mencionadas no texto, é correto incluir
as explicações positivistas e evolucionistas sobre o impacto da mistura de raças na formação do caráter nacional brasileiro.
os projetos de valorização dos vínculos entre o caráter nacional brasileiro e os produtos da indústria cultural norte-americana.
o reconhecimento e a celebração da origem africana da maioria dos brasileiros e a rejeição das tradições europeias.
a percepção de que o país estava plenamente inserido na modernidade e havia assumido a condição de potência mundial.
o desejo de retornar ao período anterior à chegada dos europeus e de recuperar padrões culturais e cotidianos indígenas.
A questão aborda o período da Belle Époque brasileira (aproximadamente final do século XIX e início do século XX), um momento de transformações sociais, políticas (transição para a República) e culturais, marcado por intensos debates intelectuais sobre a identidade nacional. O texto de Elias Thomé Saliba destaca a pergunta central da época: "quem era o brasileiro?". Para responder a essa questão, precisamos identificar qual das alternativas reflete corretamente uma das correntes de pensamento ou projetos intelectuais predominantes naquele período específico.
1. Análise do Contexto: A Belle Époque no Brasil foi fortemente influenciada por ideias europeias, especialmente francesas. O pensamento científico da época, incluindo o Positivismo de Auguste Comte e as teorias evolucionistas (muitas vezes deturpadas como Darwinismo Social), tinha grande prestígio entre as elites intelectuais e políticas.
2. A Questão Racial: A composição étnica diversificada do Brasil (indígenas, europeus, africanos e seus descendentes) era um tema central. As teorias científicas da época, infelizmente, eram frequentemente usadas para justificar hierarquias raciais. O Positivismo e o Evolucionismo foram aplicados para analisar a sociedade brasileira, e a "mistura de raças" (miscigenação) era um tópico de intenso debate. Muitos intelectuais viam a miscigenação com preocupação, associando-a a problemas sociais ou à degenerescência, enquanto outros tentavam encontrar nela elementos positivos ou inevitáveis para a formação do Brasil.
3. Avaliação das Alternativas:
4. Conclusão: A alternativa A descreve com precisão uma das principais abordagens intelectuais usadas para tentar responder à questão da identidade nacional brasileira durante a Belle Époque, refletindo a influência das correntes científicas e filosóficas europeias da época sobre o debate racial no Brasil.
Portanto, a alternativa correta é a A.