Na América espanhola, as lutas pela independência começam numa conjuntura precisa. Mas o clima político e cultural que impregna a conjuntura é dado pela independência americana, a Revolução Francesa e os escritos dos pensadores que acabaram por demolir o universo cultural e ideológico proveniente do mundo feudal.
No Brasil, o fenômeno é singular: não haverá guerra pela independência e o antigo aparelho administrativo colonial passa a constituir-se no “novo” Estado independente.
(Leon Pomer. As independências na América Latina, 1984. Adaptado.)
Essa “conjuntura precisa” e o “fenômeno singular” remetem, respectivamente,
à política britânica, que atuou militarmente nos movimentos emancipacionistas da América Espanhola, e à liderança da elite burguesa na constituição do Estado nacional no Brasil.
ao progresso industrial na Europa, que combateu o sistema de porto único espanhol, e à aliança entre a aristocracia e as camadas populares na independência do Brasil.
às guerras napoleônicas, que retardaram o avanço das ideias liberais, e ao autoritarismo de D. Pedro expresso na organização da monarquia federalista no Brasil independente.
às medidas adotadas pelo Império Espanhol, que descentralizaram a administração, e ao envio de tropas norte- -americanas contra a resistência portuguesa no Brasil independente.
à expansão francesa, que levou o irmão de Napoleão Bonaparte ao trono espanhol, e à centralização política gerada pelo estabelecimento da Corte portuguesa no Brasil.
Nesta questão, são abordados os diferentes processos de independência na América Espanhola e no Brasil. A palavra “conjuntura precisa” remete às condições externas que possibilitaram as revoltas emancipacionistas na América Espanhola, enquanto o “fenômeno singular” diz respeito ao fato de a independência brasileira ter ocorrido de maneira relativamente pacífica, com o traslado da corte portuguesa ao Brasil. Assim, a alternativa correta (E) destaca a expansão francesa que colocou José Bonaparte, irmão de Napoleão, no trono espanhol – o que gerou instabilidade e abriu caminho para as rebeliões independentes nas colônias espanholas – ao mesmo tempo em que, no Brasil, a presença da Corte portuguesa propiciou uma transição mais centralizada e sem grandes conflitos armados para a formação do Estado nacional.
Logo, a melhor resposta, em consonância com o texto, é a letra (E): “à expansão francesa, que levou o irmão de Napoleão Bonaparte ao trono espanhol, e à centralização política gerada pelo estabelecimento da Corte portuguesa no Brasil”.