UERJ 2015/1

Medo e vergonha

 

[1] O medo é um evento poderoso que toma o nosso corpo, nos põe em xeque, paralisa alguns

e atiça a criatividade de outros. Uma pessoa em estado de pavor é dona de uma energia extra

capaz de feitos incríveis.

Um amigo nosso, quando era adolescente, aproveitou a viagem dos pais da namorada para ficar

[5] na casa dela. Os pais voltaram mais cedo e, pego em flagrante, nosso Romeu teve a brilhante

ideia de pular, pelado, do segundo andar. Está vivo. Tem hoje essa incrível história pra contar,

mas deve se lembrar muito bem da vergonha.

Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente, mas na qual também vi

meu medo me deixar em maus lençóis.

[10] Estava caminhando pelo bairro quando resolvi explorar umas ruas mais desertas. De repente,

vejo um menino encostado num muro. Parecia um menino de rua, tinha seus 15, 16 anos e,

quando me viu, fixou o olhar e apertou o passo na minha direção. Não pestanejei. Saí correndo.

Correndo mesmo, na mais alta performance de minhas pernas.

No meio da corrida, comecei a pensar se ele iria mesmo me assaltar. Uma onda de vergonha foi

[15] me invadindo. O rapaz estava me vendo correr. E se eu tivesse me enganado? E se ele não fosse

fazer nada? Mesmo que fosse. Ter sido flagrada no meu medo e preconceito daquela forma já

me deixava numa desvantagem fulminante.

Não sou uma pessoa medrosa por excelência, mas, naquele dia, o olhar, o gesto, alguma coisa

no rapaz acionou imediatamente o motor de minhas pernas e, quando me dei conta, já estava

[20] em disparada.

Fui chegando ofegante a uma esquina, os motoristas de um ponto de táxi me perguntaram

o que tinha acontecido e eu, um tanto constrangida, disse que tinha ficado com medo. Me

contaram que ele vivia por ali, tomando conta dos carros. Fervi de vergonha.

O menino passou do outro lado da rua e, percebendo que eu olhava, imitou minha corridinha,

[25] fazendo um gesto de desprezo. Tive vontade de sentar na guia1 e chorar. Ele só tinha me

olhado, e o resto tinha sido produto legítimo do meu preconceito.

Fui atrás dele. Não consegui carregar tamanha bigorna2 pra casa. “Ei!” Ele demorou a virar. Se

eu pensava que ele assaltava, ele também não podia imaginar que eu pedisse desculpas. Insisti:

“Desculpa!” Ele virou. Seu olhar agora não era mais de ladrão, e sim de professor. Me perdoou

[30] com um sinal de positivo ainda cheio de desprezo. Fui pra casa pelada, igual ao Romeu suicida.

Denise Fraga folha.uol.com.br, 08/01/2013 

Seu olhar agora não era mais de ladrão, e sim de professor. (l. 29)

A frase deixa subentendida a ideia de que o menino foi capaz de ensinar, pelo exemplo, algo à autora.

Esse ensinamento dado pelo menino está ligado à capacidade de:

a

perdoar

b

desprezar

c

desculpar-se

d

arrepender-se

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