Mas eu vinha bem-andante, e ávido, aberto a todas as alegrias, querendo agarrar mais prazeres, horas de inteira terra. Por que vim? Foi-me dado, ainda no último momento, dizer que não, recusar- -me a este posto. Perguntaram-me se eu queria. Ante a liberdade de escolha, hesitei. Deixei que o rumo se consumasse, temi o desvio de linhas irremissíveis¹ e secretas, sempre foi a minha ânsia querer acumpliciar-me² com o destino. E hoje, tenho a certeza: toda liberdade é fictícia, nenhuma escolha é permitida; já então, a mão secreta, a coisa interior que nos movimenta pelos caminhos árduos e certos, foi ela que me obrigou a aceitar. O mais-fundo de mim mesmo não tem pena de mim; e o mais-fundo de meus pensamentos nem entende as minhas palavras.
(Guimarães Rosa, “Páramo” in: Estas Estórias)
Segundo o texto:
o que mais importa na vida é abraçar a liberdade.
o maior desejo da personagem era ver trocado o próprio destino.
o narrador não acredita na existência da liberdade de escolha.
a “mão secreta” é responsável pela liberdade de escolha.
o rumo da vida conduz inevitavelmente aos prazeres.