UFPR 2015

Maravilha!

 

Pode-se parafrasear Winston Churchill e dizer da democracia o mesmo que se diz da velhice, que, por mais lamentável que seja, é melhor que sua alternativa. A única alternativa para a velhice é a morte. Já as alternativas para a democracia são várias, uma pior do que a outra. É bom lembrá-las sempre, principalmente no horário político, quando sua irritação com a propaganda que atrasa a novela pode levá-lo a preferir outra coisa. Resista. [...] Diante disso, em vez de “que chateação”, pense “que maravilha!”. É a democracia em ação, com seus grotescos e tudo. Saboreie, saboreie.

O processo, incrivelmente, se autodepura, sobrevive aos seus absurdos e dá certo. Ou dá errado, mas pelo menos de erro em erro vamos ganhando a prática. Mesmo o que impacienta é aproveitável, e votos inconsequentes acabam consequentes. O Tiririca, não sei, mas o Romário não deu um bom deputado? Vocações políticas às vezes aparecem em quem menos se espera. E é melhor o cara poder dizer a bobagem que quiser na TV do que viver num país em que é obrigado a cuidar do que diz. Melhor ele pedir voto porque é torcedor do Flamengo ou bom filho do que ter sua perspectiva de vida decidida numa ordem do dia de quartel. Melhor você ser manipulado por marqueteiros políticos, com direito a desacreditá-los, do que pela propaganda oficial e incontestável de um poder ditatorial. [...]

Certo, às vezes as alternativas para a democracia parecem tentadoras. Ah, bons tempos em que o colégio eleitoral era minimalista: tinha um só eleitor. O general da Presidência escolhia o general que lhe sucederia, e ninguém pedia o nosso palpite. Era um processo rápido e ascético que não sujava as ruas. A escolha do poder nas monarquias absolutas também é simples e sumária, e o eleitor do rei também é um só, Deus, que também não se interessa pela nossa opinião. Ou podemos nos imaginar na Roma de Cícero, governados por uma casta de nobres, sem nenhuma obrigação cívica salvo a de aplaudi-los no fórum, só cuidando para não parecer ironia.

A democracia é melhor. Mesmo que, como no caso do Brasil das alianças esquisitas, os partidos coligados em disputa lembrem uma salada mista, e ninguém saiba ao certo quem representa o quê. E onde, com o poder econômico mandando e desmandando, a atividade política termine parecendo apenas uma pantomima. Não importa, não deixa de ser – comparada com o que já foi – uma maravilha.

Luis Fernando Veríssimo, 31/08/2014, www.geledes.org.br

Ao fazer o elogio à democracia, o autor aponta, também, defeitos do regime. Tendo isso em vista, considere as
seguintes afirmativas:
 
1. A democracia apresenta grandes incoerências internas.
2. O sistema econômico tem grande poder sobre as decisões.
3. O regime democrático tem, na sua contraparte, muitas alternativas.
4. As articulações entre os partidos são pouco claras, dada sua indefinição.
 
Comprovam a afirmação de que o autor tanto elogia quanto critica o regime democrático as afirmativas:

a

1 e 4 apenas.

b

1 e 3 apenas.

c

2 e 3 apenas.

d

2, 3 e 4 apenas.

e

1, 2 e 4 apenas.

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Resposta
E
Tempo médio
2 min

Resolução

A partir da leitura do texto de Luis Fernando Verissimo, fica claro que o autor enfatiza que, embora a democracia seja o melhor regime possível (principalmente se comparada às alternativas piores), ela possui também problemas e contradições. Ele menciona a influência excessiva do poder econômico nas decisões e a confusão de coligações partidárias, que parecem verdadeiras “saladas mistas”. Além disso, salienta-se o aspecto de que as articulações políticas nem sempre são claras para os eleitores. Logo, das quatro afirmações apresentadas, aquelas que exprimem críticas diretas ao regime democrático e aparecem no texto são as de números 1, 2 e 4. Dessa forma, a alternativa correta é a letra E.

Dicas

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Verifique se as afirmações apontam especificamente defeitos do regime democrático no texto.
Atente para trechos sobre influência econômica e sobre as coalizões partidárias descritas como confusas.

Erros Comuns

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Acreditar que a menção a alternativas ruins para a democracia (3) seja uma crítica direta do regime, quando na verdade é um reconhecimento de que existem outras opções ainda piores.
Não perceber a referência explícita ao peso do poder econômico na política, citada como ponto negativo do regime (afirmação 2).
Revisão

Democracia: Regime de governo em que o poder emana do povo, exercido mediante eleições livres e representativas. Embora seja considerado o mais justo, pode apresentar contradições, como influência econômica e negociações políticas pouco transparentes.

Coligações partidárias: Alianças entre partidos políticos para disputar eleições. Podem resultar em acordos confusos e incoerências ideológicas.

Influência econômica: No contexto político-eleitoral, corresponde ao poder do dinheiro e de interesses privados de direcionar resultados e decisões políticas.

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