Lixo industrial na sua casa
[1] A obsolescência programada dos produtos já ultrapassou todos os limites. Você compra uma
geladeira, um fogão, uma máquina de lavar hoje e daqui a três ou quatro meses consulta a lista de
assistência técnica. Chato, não?
Vem a assistência técnica autorizada, conserta, ou melhor, dá um jeito por um mês ou dois. E o
[5] produto quase novo, já reparado, está novamente estragado. Irritante, não?
Pois é, falamos, discutimos, escrevemos, lemos e vemos programas e filmes sobre a proteção ao
ambiente. Um tema relevante, empolgante, mas que se contrapõe à curta duração dos produtos.
Porque, bem, cá entre nós e que ninguém nos ouça, com produtos fabricados para estragar e
assistência técnica que faz gambiarras, sai mais em conta comprar um novo.
[10] Chegamos, então, à triste situação de descartar, após um ano ou dois, equipamentos que antes
duravam dez ou mais anos. Todos feitos com muito plástico, que deforma, enguiça, quebra e não dura.
A natureza, já tão ameaçada por nosso descaso e desrespeito milenares, sofre com montanhas de
baterias, carcaças de celulares, de máquinas de lavar e fontes de microcomputadores. Lixo, muito lixo, que
decorre da cupidez de quem fabrica porcaria para vender novamente em prazo recorde.
Maria Inês Dolci, Folha de S. Paulo, 31/05/2010. Adaptado.
Considere as seguintes afirmações sobre diferentes aspectos do texto:
I Apesar do emprego da expressão “sua casa” no título, a autora mantém distância em relação ao leitor.
II O trecho “cá entre nós e que ninguém nos ouça” deve ser entendido em seu sentido literal.
III Cria-se um efeito de gradação nos verbos do seguinte trecho: “deforma, enguiça, quebra e não dura”.
IV Em “Lixo, muito lixo”, a repetição do substantivo “lixo” reforça o sentido do pronome “muito”.
Está de acordo com o texto apenas o que se afirma em
I e II.
II e III.
III e IV.
I, II e III.
I e IV.