Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac, http://www.releituras.com/olavobilac_lingua.asp)
Considerando o Texto “Língua Portuguesa”, bem como os conteúdos a ele relacionados, assinale a alternativa CORRETA.
O poema de Olavo Bilac tem uma estrutura condizente com a chamada “estética parnasiana”, que, embasada em textos em versos, adota os mesmos princípios nos quais estão fundamentadas as poesias românticas de Castro Alves.
A declaração de amor que Bilac faz à língua portuguesa na terceira estrofe do poema em análise aponta que, embora o eu-lírico expresse seu amor, ao mesmo tempo demonstra reconhecer e entender a fragilidade da língua.
Há, como se percebe, na última estrofe do poema em análise, traços de intertextualidade, o que, talvez - ou de maneira categórica - ponha Bilac para fora do seleto grupo dos parnasianos brasileiros.
A expressão “Última flor do Lácio, inculta e bela” escrita por Bilac traz à tona uma das características do parnasianismo: o uso de vocabulário comum e prosaico, simples e ordinário.
O poema de Bilac possui, de um ponto de vista formal, quatro estrofes, dois quartetos e dois tercetos. Essa estrutura aponta características bem delineadas da chamada estética parnasiana.