Lição sobre a água
(António Gedeão)
Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com exceções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.
Sobre o poema “Lição sobre a água”, pode-se afirmar que:
As duas primeiras estrofes são mais denotativas, enquanto apenas a última é mais conotativa;
Apenas o último verso, conhecido como chave de ouro, tem sentido conotativo;
Não se trata de um poema, mas sim de uma aula de Química;
O líquido a que o poeta se refere na última estrofe não é a água;
Os termos “inodora, insípida e incolor” estão sendo utilizados em sentido figurado.