Leia os trechos apresentados a seguir.
As tribos vizinhas, sem força, sem brio, As armas quebrando, lançando-as ao rio, O incenso aspiraram dos seus maracás: Medrosos das guerras que os fortes acendem, Custosos tributos ignavos lá rendem, Aos duros guerreiros sujeitos na paz.
No centro da taba se estende um terreiro, Onde ora se aduna o concílio guerreiro Da tribo senhora, das tribos servis: Os velhos sentados praticam d'outrora, E os moços inquietos, que a festa enamora, Derramam-se em torno de um índio infeliz.
[…]
Acerva-se a lenha da vasta fogueira, Entesa-se a corda da embira ligeira, Adorna-se a maça com penas gentis: A custo, entre as vagas do povo da aldeia Caminha o Timbira, que a turba rodeia, Garboso nas plumas de vário matiz.
DIAS, Gonçalves. I - Juca Pirama. Porto Alegre: LP&M Pocket, 2007. p. 11-12.
Glossário:
maracás: chocalho usado pelos indígenas em solenidades
ignavo: fraco, covarde
adunar: reunir
embira: cipó usado para amarração
maça: bastão ou porrete com que se sacrifica o prisioneiro
garboso: elegante, distinto
O poema I – Juca Pirama se destaca por representar um painel da cultura indígena. Nos versos transcritos, o elemento desse painel que se evidencia é:
o confronto entre povos inimigos.
a preparação de um ritual.
o modo de vida cotidiano.
a caracterização dos papéis tribais.
a relação com a natureza.