Leia os textos para responder à questão.
Texto 1
Oprimido entre a projeção mítica do eterno herói e a perda de papel de protagonista no trabalho e em casa, o homem enfrenta a encruzilhada. Se a inversão de funções com as mulheres parece menos problema que solução para certos estratos, para outros o resultado é a reinsurgência do velho machismo. Ainda mais no Brasil, onde 52% das mulheres economicamente ativas sofrem assédio.
(Paulo Vieira. “Poder analisa a nova percepção da masculinidade que enfrenta uma encruzilhada com o fim do protagonismo”. https://glamurama.uol.com.br, 06.04.2019.)
Texto 2
No início do século, as mulheres exerciam um papel de quase total submissão aos homens. Transgressora, Tarsila foi na contramão dos costumes da época e se separou do primeiro marido, o médico André Teixeira Pinto, em 1913, alegando divergências culturais. Para ela era inaceitável assumir o papel de dona do lar e abdicar de suas pretensões artísticas. E, sem medo de julgamentos, encarou o desquite e demorou anos, até 1925, para conseguir a anulação de seu casamento. Só assim conseguiu concretizar sua união com Oswald de Andrade, com quem ficou entre 1926 e 1930. Depois dele, Tarsila teve outros dois companheiros — o último deles, o jornalista Luis Martins, 21 anos mais jovem do que ela. Eles ficaram 18 anos juntos.
(Mariana Kid. “Por que Tarsila do Amaral foi uma mulher à frente do seu tempo?”. https://universa.uol.com.br, 06.04.2019.)
A ideia de “oprimido”, no Texto 1, e a de “transgressora”, no Texto 2, são justificadas, respectivamente, por:
a projeção do papel mítico do sexo masculino, dentro e fora de casa; o fato de casar-se mais de uma vez, sendo uma delas com um jovem.
a inversão de papéis entre homens e mulheres; a abdicação das pretensões artísticas e a espera, por vários anos, para conseguir anular o casamento.
a perda, pelo homem, do protagonismo, em casa e no trabalho; a recusa em aceitar a condição de dona do lar e a insistência na separação.
a reinsurgência do machismo tradicional e opressivo; a dedicação aos seus desejos, preocupada com a opinião alheia.
a forma como certos estratos têm visto com desconfiança o machismo e repudiado o assédio; a aceitação dos costumes vigentes.
Análise da Questão:
A questão pede para identificar as justificativas apresentadas nos Textos 1 e 2 para os termos "oprimido" (referente ao homem no Texto 1) e "transgressora" (referente a Tarsila do Amaral no Texto 2), respectivamente.
Passo 1: Analisar o Texto 1 e a justificativa para "oprimido".
O Texto 1 descreve a situação do homem contemporâneo como uma "encruzilhada". A primeira frase é crucial: "Oprimido entre a projeção mítica do eterno herói e a perda de papel de protagonista no trabalho e em casa, o homem enfrenta a encruzilhada."
Portanto, a sensação de opressão deriva diretamente dessa tensão entre a expectativa antiga (ser o "eterno herói") e a realidade atual (perda de protagonismo no trabalho e em casa).
Passo 2: Analisar o Texto 2 e a justificativa para "transgressora".
O Texto 2 descreve Tarsila do Amaral como "transgressora" por ir "na contramão dos costumes da época". Quais costumes? O texto menciona o "papel de quase total submissão aos homens".
A justificativa específica para sua transgressão é dada na frase: "Para ela era inaceitável assumir o papel de dona do lar e abdicar de suas pretensões artísticas." Sua decisão de se separar ("encarou o desquite") e buscar a anulação do casamento também reforça essa postura transgressora contra as normas sociais da época que esperavam submissão feminina.
Passo 3: Avaliar as alternativas.
Conclusão:
A alternativa C é a única que apresenta as justificativas para "oprimido" e "transgressora" que estão explicitamente fundamentadas nos argumentos centrais dos Textos 1 e 2, respectivamente.
Interpretação Textual e Identificação de Justificativas:
Esta questão avalia a capacidade de ler e compreender textos argumentativos ou expositivos, identificando as razões (justificativas) que os autores apresentam para usar determinados termos ou fazer certas afirmações.