Leia os textos abaixo
Texto a) Em verdade vos digo que toda a sabedoria humana não vale um par de botas curtas.
Tu, minha Eugênia, é que não as descalçaste nunca; foste aí pela estrada da vida, manquejando da perna e do amor, triste como os enterros pobres, solitária, calada, laboriosa, até que vieste também para esta outra margem ... O que eu não sei é se a tua existência era muito necessária ao século. Quem sabe?
Texto b) Aí tem, o leitor, em poucas linhas, o retrato físico e moral da pessoa que devia influir mais tarde na minha vida; era aquilo com dezesseis anos. Tu que me lês, se ainda fores viva, quando estas página vierem à luz, - tu que me lês, Virgília amada, não reparas na diferença entre a linguagem de hoje e a que primeiro empreguei quando te vi? Crê que era tão sincero então como agora; a morte não me tornou rabugento, nem injusto.
Esses trechos acima são de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
Considerando-os, bem como o romance como um todo, NÃO SE PODE afirmar que
em ambos, o narrador assume a sua condição de defunto autor para considerar coisas a respeito da vida das mulheres com quem se relacionou.
no Texto a, o narrador indicia que também ela (Eugênia) havia morrido e que se encontrava no mesmo lado em que ele estava, após sofrer as vicissitudes de uma vida cheia de decepções.
em ambos, predomina a função conativa da linguagem, já que o narrador atua sobre as personagens, tornandoas suas interlocutoras.
no Texto b, o narrador ressalta a diferença de linguagem no trato da figura da mulher amada que, em verdade, não chega a influir mais tarde em sua vida social e amorosa.