IFSudMinas 2016/2

Leia os textos 1 e 2 para responder à questão.

 

TEXTO 1

 

Estragou a televisão!

 

– Iiiih...
– E agora?
– Vamos ter que conversar.
– Vamos ter que o quê?
[5] – Conversar. É quando um fala com o outro.
– Fala o quê?
– Qualquer coisa. Bobagem.
– Perder tempo com bobagem?
– E a televisão, o que é?
[10] – Sim, mas aí é a bobagem dos outros. A gente só assiste. Um falar com o outro, assim, ao vivo...
Sei não...
– Vamos ter que improvisar nossa própria bobagem.
– Então começa você.
– Gostei do seu cabelo assim.
[15] – Ele está assim há meses, Eduardo. Você é que não tinha...
– Geraldo.
– Hein?
– Geraldo. Meu nome não é Eduardo, é Geraldo.
– Desde quando?
[20] – Desde o batismo.
– Espera um pouquinho. O homem com quem eu casei se chamava Eduardo.
– Eu me chamo Geraldo, Maria Ester.
– Geraldo Maria Ester?!
– Não, só Geraldo. Maria Ester é o seu nome.
[25] – Não é não.
– Como, não é não?
– Meu nome é Valdusa.
– Você enlouqueceu, Maria Ester?
– Pelo amor de Deus, Eduardo...
[30] – Geraldo.
– Pelo amor de Deus, meu nome sempre foi Valdusa. Dusinha, você não se lembra?
– Eu nunca conheci nenhuma Valdusa. Como é que eu posso estar casado com uma mulher que eu
nunca... Espera. Valdusa. Não era a mulher do, do... Um de bigode...
– Eduardo.

[35] – Eduardo!
– Exatamente. Eduardo. Você.
– Meu nome é Geraldo, Maria Ester.
– Valdusa. E, pensando bem, que fim levou o seu bigode?
– Eu nunca usei bigode!
[40] – Você é que está querendo me enlouquecer, Eduardo.
– Calma. Vamos com calma.
– Se isso for alguma brincadeira sua...
– Um de nós está maluco. Isso é certo.
– Vamos recapitular. Quando foi que casamos?
[45] – Foi no dia, no dia...
– Arrá! Tá aí. Você sempre esqueceu o dia do nosso casamento... Prova de que você é o Eduardo e a
maluca não sou eu.
– E o bigode? Como é que você explica o bigode?
– Fácil. Você raspou.
[50] – Eu nunca tive bigode, Maria Ester!
– Valdusa!
– Tá bom. Calma. Vamos tentar ser racionais. Digamos que o seu nome seja mesmo Valdusa. Você
conhece alguma Maria Ester?
– Deixa eu pensar. Maria Ester... Nós não tivemos uma vizinha chamada Maria Ester?
[55] – A única vizinha de que eu me lembro é a tal de Valdusa.
– Maria Ester. Claro. Agora me lembrei. E o nome do marido dela era... Jesus!
– O marido se chamava Jesus?
– Não. O marido se chamava Geraldo.
– Geraldo...
[60] – É.
– Era eu. Ainda sou eu.
– Parece...
– Como foi que isso aconteceu?
– As casas geminadas, lembra?
[65] – A rotina de todos os dias...
– Marido chega em casa cansado, marido e mulher mal se olham...
– Um dia marido cansado erra de porta, mulher nem nota...
– Há quanto tempo vocês se mudaram daqui?
– Nós nunca nos mudamos. Você e o Eduardo é que se mudaram.
[70] – Eu e o Eduardo, não. A Maria Ester e o Eduardo.
– É mesmo...
– Será que eles já se deram conta?
– Só se a televisão deles também quebrou.

VERÍSSIMO, Luís Fernando. “Estragou a televisão”. In: Histórias brasileiras de verão: as melhores crônicas da vida íntima. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. Adaptado.

 

TEXTO 2

Com base na leitura dos textos 1 e 2, é possível afirmar:

 

I – O texto 1 enquadra-se no gênero notícia e descreve minuciosamente os fatos ocorridos em determinada família brasileira.

II – O texto 1 pertence ao gênero crônica e, ao versar uma temática do cotidiano, lança mão da linguagem coloquial.

III – O texto 2 adequa-se ao gênero charge e, como crítica político-social, satiriza a capacidade alienante que tem a televisão.

 

Assinale a alternativa CORRETA.

a

Apenas a afirmativa I é verdadeira. 

b

Apenas a afirmativa II é verdadeira. 

c

Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras. 

d

Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.

e

Todas as afirmativas são falsas.

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D
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