Leia os seguintes textos, o primeiro, um soneto de Luís de Camões, e o segundo, a letra da canção Me Acalmo, Me Desespero, de Cazuza.
1.
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor estou de frio;
Sem causa, justamente, choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao céu voando;
Numa hora acho mil anos; e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
2.
O amor deflagra guerras
No coração de quem ama
Um bandido sórdido
Uma menina linda
O amor lança seu ferrão
No desamparo dos amantes
É um inseto louco em volta da luz
Um lobo solitário uivando na escuridão
Do amor pouco sei
E quase tudo espero
Amando eu me acalmo e me desespero
O amor faz da minha voz
Um gemido surdo
De mim um escravo lanhado
Um tigre encurralado
O amor sombreia as trevas
Clareia até cegar
É um lar que não abriga
O crime perfeito de dois assassinos
Considere as seguintes afirmações sobre a forma como o amor é descrito no soneto e na letra da canção.
I - O amor, por ser um sentimento de natureza contraditória, leva o indivíduo a ver o mundo como um lugar instável e desconcertante.
II - O amor é um sentimento imprevisível que é deflagrado a partir da figura sedutora e angelical de certas mulheres.
III - O amor provoca o intenso desejo daquele que ama, fazendo com que ele, o amante, mantenha um diálogo com a mulher amada.
Quais dessas afirmações são compartilhadas por ambos os eu-líricos?
Apenas I.
Apenas II.
Apenas I e III.
Apenas II e III.
I, II e III.