Leia os fragmentos do romance Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, a seguir, e responda a questão.
Um rumo vago. Que eu seguiria se quisesse. Talvez tenha sido o nome estranho do lugar que me despertou da letargia. Talvez tenha sido, sem que eu percebesse, a dor da outra mãe tomando lugar da minha, um alívio esquisito, uma distração, e eu quis, sim, sair por aí, à toa, por ruas que não conheço atrás do rastro borrado de alguém que nunca vi. (p.92)
Pela primeira vez, desde que começou essa minha migração forçada, tive vontade de chorar e fiquei um bom tempo com a cara virada pra fora, fungando, querendo esconder as lágrimas, fingindo que olhava pela janela, vendo vagamente passarem avenidas e prédios que não me diziam nada, uns com essa cara de luxo padronizado que se espalha igualmente de Dubai a Xangai passando até pelo “edifício mais alto do Brasil”, em João Pessoa, outros em construção ou abandonados, sei lá, com aspecto de ruína, tudo tão misturado que a gente fica sem saber se a cidade está nascendo ou morrendo, fui pensando à toa, até o vento da janela secar minhas lágrimas ou eu me lembrar das lágrimas da mãe de Cícero Araújo. (p. 99)
(REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.)
Assinale a alternativa correta sobre o tamanho do período no segundo fragmento.
Está relacionado com a oralidade, pois o trecho é um diálogo com a mãe de Cícero Araújo.
Está em sintonia com o vocabulário extremamente simplório empregado no fragmento.
O uso de vírgulas, em vez de pontos, e de seus ajustes deixa de interferir no tamanho do período.
Abdica-se do uso do ponto e vírgula e do travessão, sinais que poderiam encurtar o período.
Está em harmonia com a perturbação da personagem marcada pelo fluxo entre problemas pessoais e cenas presenciadas.