Leia os dois primeiros parágrafos do conto “Primeiro de Maio”, de Mário de Andrade, para responder a questão.
No grande dia Primeiro de Maio, não eram bem seis horas e já o 35 pulara da cama, afobado. Estava bem disposto, até alegre, ele bem afirmara aos companheiros da Estação da Luz que queria celebrar e havia de celebrar. Os outros carregadores mais idosos meio que tinham caçoado do bobo, viesse trabalhar que era melhor, trabalho deles não tinha feriado. Mas o 35 retrucava com altivez que não carregava mala de ninguém, havia de celebrar o dia deles. E agora tinha o grande dia pela frente.
Dia dele... Primeiro quis tomar um banho pra ficar bem digno de existir. A água estava gelada, ridente, celebrando, e abrira um sol enorme e frio lá fora. Depois fez a barba. Barba era aquela penuginha meio loura, mas foi assim mesmo buscar a navalha dos sábados, herdada do pai, e se barbeou. Foi se barbeando. Nu só da cintura pra cima por causa da mamãe por ali, de vez em quando a distância mais aberta do espelhinho refletia os músculos violentos dele, desenvolvidos desarmoniosamente nos braços, na peitaria, no cangote, pelo esforço quotidiano de carregar peso. O 35 tinha um ar glorioso e estúpido. Porém ele se agradava daqueles músculos intempestivos, fazendo a barba.
(Contos novos, 1997.)
“Mas o 35 retrucava com altivez que não carregava mala de ninguém, havia de celebrar o dia deles.” (1º parágrafo)
Transposta para o discurso direto e mantendo o sentido original, a fala do “35” mudaria para:
Não carrego mala de ninguém, hei de celebrar nosso dia.
Não carrego mala de ninguém, havia de celebrar nosso dia.
Não carregaria mala de ninguém, havia de celebrar seu dia.
Não carregava mala de ninguém, hei de celebrar seu dia.
Não carregarei mala de ninguém, havia de celebrar nosso dia.