Leia o trecho do romance O cortiço para responder à questão.
Depois, via-se a velha Isabel, isto é, Dona Isabel, porque ali na estalagem lhes dispensavam todos certa consideração, privilegiada pelas suas maneiras graves de pessoa que já teve tratamento: uma pobre mulher comida de desgostos. Fora casada com o dono de uma casa de chapéus, que quebrou e suicidou- -se, deixando-lhe uma filha muito doentinha e fraca, a quem Isabel sacrificou tudo para educar,dando-lhe mestre até de francês.
A filha era a flor do cortiço. Chamavam-lhe Pombinha. Bonita, posto que enfermiça e nervosa ao último ponto; loura, muito pálida, com uns modos de menina de boa família. A mãe não lhe permitia lavar, nem engomar, mesmo porque o médico a proibira expressamente.
Tinha o seu noivo, o João da Costa, moço de comércio, estimado do patrão e dos colegas, com muito futuro, e que a adorava e conhecia desde pequenita; mas Dona Isabel não queria que o casamento se fizesse já. É que Pombinha, orçando aliás pelos dezoito anos, não tinha ainda pago à natureza o cruento tributo da puberdade, apesar do zelo da velha e dos sacrifícios que esta fazia para cumprir à risca as prescrições do médico e não faltar à filha o menor desvelo. No entanto, coitadas! daquele casamento dependia a felicidade de ambas, porque o Costa, bem empregado como se achava em casa de um tio seu, de quem mais tarde havia de ser sócio, tencionava, logo que mudasse de estado, restituí-las ao seu primitivo círculo social. A pobre velha desesperava-se com o fato e pedia a Deus, todas as noites, antes de dormir, que as protegesse e conferisse à filha uma graça tão simples que ele fazia, sem distinção de merecimento, a quantas raparigas havia pelo mundo; mas a despeito de tamanho empenho, por coisa nenhuma desta vida consentiria que a sua pequena casasse antes de “ser mulher”, como dizia ela. E “que deixassem lá falar o doutor, entendia que não era decente, nem tinha jeito, dar homem a uma moça que ainda não fora visitada pelas regras! Não! Antes vê-la solteira toda a vida e ficarem ambas curtindo para sempre aquele inferno da estalagem!”
(Aluísio Azevedo. O cortiço, 1981. Adaptado.)
Considere as passagens:
• “porque ali na estalagem lhes dispensavam todos certa consideração” (1º parágrafo);
• “uma pobre mulher comida de desgostos.” (1º parágrafo);
• “Chamavam-lhe Pombinha. Bonita, posto que enfermiça e nervosa ao último ponto” (2º parágrafo).
Mantendo-se o sentido do texto e atendendo-se à norma- -padrão, as passagens estão corretamente reescritas em:
tanto que ali na estalagem todos tinham-na em certa admiração / uma mulher desprezível e amargurada / Chamavam a moça Pombinha. Bonita, porquanto enfermiça e nervosa ao último ponto.
porque ali na estalagem todos a tratavam com certa consideração / uma mulher sofrida e vítima de desgostos / Chamavam-lhe Pombinha. Bonita, apesar de enfermiça e nervosa ao extremo.
pois ali na estalagem todos mostravam certa consideração a ela / uma mulher sem recursos, mas sem desgostos / Chamavam-lhe Pombinha. Bonita, porém comedidamente enfermiça e nervosa.
todavia ali na estalagem todos tinham certa consideração sobre ela / uma mulher humilde e melancólica / Chamavam ela de Pombinha. Bonita, enquanto bastante enfermiça e nervosa.
como ali na estalagem todos atribuíam à ela certa admiração / uma mulher miserável e cheia de desgostos / Chamavam-na Pombinha. Bonita, e também enfermiça e nervosa demais.