FEMA Medicina 2017/1

Leia o trecho do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), para responder à questão.

 

    Um sarau1 é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo de champanha na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento; aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos; daí a pouco vão outras pelo braço de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces que vieram para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dândi2 que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que se senta ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.

    E o mais é que nós estamos num sarau: inúmeros batéis conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores, recomendáveis por caráter e qualidade: alegre, numerosa e escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.

    Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que com aturado empenho se esforçam por ver qual delas vence em graças, encantos e donaires, certo que sobrepuja a travessa Moreninha, princesa daquela festa.

(A Moreninha, 1991. Adaptado.)

 

1 sarau: reunião festiva, geralmente noturna, com a finalidade de ouvir música, conversar, dançar, ler e ouvir literatura.

2 dândi: indivíduo que tem (exagerado) cuidado com sua aparência.

“no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.” (1º parágrafo)

 

O período está corretamente interpretado em:

a

há no sarau pessoas que estão muito deslocadas do ambiente, não sabendo o que fazer, por vezes trocando os pés pelas mãos.

b

em alguns saraus, onde a futilidade prevalece, as pessoas olham tudo maquinalmente, incapazes de fazer uma reflexão ou uma fala elaborada.

c

no sarau, há pessoas que, de tão íntimas umas das outras, conseguem passar pequenas mensagens apenas com o olhar, sem precisar verbalizar nada.

d

algumas pessoas no sarau estão pouco interessadas em conversas ou grandes reflexões, preferindo dançar e olhar o ambiente.

e

como as pessoas vão a um sarau para se divertir, fica pressuposto que é inadequado conversar sobre assuntos sérios, como política ou trabalho.

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Formando em Medicina
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