UFRGS FIS LIT ESP 2013

Leia o trecho do poema A mãe do cativo, de Castro Alves.

 

Ó Mãe! não despertes est'alma que dorme,

Com o verbo sublime do Mártir da Cruz!

O pobre que rola no abismo sem termo

Pra qu'há de sondá-lo... Que morra sem luz.

Não vês no futuro seu negro fadário,

Ó cega divina que cegas de amor?!

Ensina a teu filho - desonra, misérias,

A vida nos crimes - a morte na dor.

Que seja covarde... que marche encurvado...

Que de homem se torne sombrio reptil.

Nem core de pejo, nem trema de raiva

Se a face lhe cortam com o látego vil.

Arranca-o do leito... seu corpo habitue-se

Ao frio das noites, aos raios do sol.

Na vida - só cabe-lhe a tanga rasgada!

Na morte - só cabe-lhe o roto lençol.

Ensina-o que morda... mas pérfido oculte-se

Bem como a serpente por baixo da chã

Que impávido veja seus pais desonrados,

Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.

Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...

Trabalho que pagam com pútrido pão.

Depois que os amigos açoite no tronco...

Depois que adormeça co'o sono de um cão.

Criança - não trema dos transes de um mártir!

Mancebo - não sonhe delírios de amor!

Marido - que a esposa conduza sorrindo

Ao leito devasso do próprio senhor! ...

São estes os cantos que deves na terra

Ao mísero escravo somente ensinar.

Ó Mãe que balanças a rede selvagem

Que ataste nos troncos do vasto palmar.

CASTRO ALVES. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. v. 1, p. 265.

Considere as seguintes afirmações sobre esse trecho do poema.

 

I - O poema de Castro Alves é marcado pela denúncia da escravidão e pelo elogio ao índio, elementos típicos do Romantismo brasileiro.

II - O sujeito lírico dirige-se à mãe, aconselhando-a ironicamente a seguir as regras da sociedade escravocrata.

III - A mãe é apresentada como impotente diante do destino do filho; por isso lhe resta apenas lamentar sua ausência e chorar sua morte.

 

Quais estão corretas?

a

Apenas I.

b

Apenas II.

c

Apenas III.

d

Apenas I e II.

e

I, II e III.

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Resposta
B
Tempo médio
45 s

Resolução

No poema, o eu lírico se dirige à mãe de maneira irônica, mostrando o quanto é cruel a sociedade escravocrata ao “aconselhá-la” a criar o filho para ser submisso e humilhado. Essa ironia torna clara a denúncia de Castro Alves contra a escravidão. Entretanto, não há menção ao índio ou elogio desse personagem no trecho, o que invalida a afirmação I. Além disso, a mãe não aparece como passiva e apenas lamentando o destino do filho (o que seria dito na afirmação III), mas sim como destinatária de um discurso que expõe a submissão do escravo. Portanto, somente a afirmação II está correta.

Dicas

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Observe atentamente o tom irônico que o sujeito lírico emprega ao falar sobre a educação do cativo.
Verifique se existe alguma menção ao índio que possa caracterizar a ‘idealização do indígena’ no texto.
Repare se a mãe aparece apenas como chorosa ou se há outro sentido no discurso do eu lírico.

Erros Comuns

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Acreditar que o poema faz um elogio ao índio quando o tema principal é a denúncia à escravidão negra.
Pensar que a mãe fica apenas chorando a morte do filho, quando o poema na verdade reforça ironicamente a educação submissa do cativo.
Supor que todas as características românticas estejam presentes neste único poema; Castro Alves se concentra aqui na denúncia social.
Revisão

Conceitos importantes:

  • Terceira geração romântica: Castro Alves é integrante da terceira geração do Romantismo brasileiro, marcada pelo forte engajamento social e por poesias de cunho abolicionista.
  • Ironia: O sujeito lírico utiliza um tom irônico ao dirigir-se à mãe para evidenciar as atrocidades da escravidão.
  • Denúncia social: O poema denuncia a condição do escravo e critica a sociedade escravocrata, típica preocupação do Romantismo abolicionista de Castro Alves.
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