Leia o trecho do conto “Este quadro”, de Sérgio Sant’Anna, para responder à questão.
Este quadro está guardado — pode-se dizer até que escondido — no subsolo do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e nunca houve uma ocasião em que tenha sido trazido aos andares superiores para alguma exposição. Na verdade, apenas um funcionário, de tempos em tempos, vê a pintura, pois é ele quem se incumbe dos cuidados para a conservação desta obra e de outras esquecidas.
Este quadro é uma tela de noventa por setenta centímetros, pintado no último quarto do século XVIII, é o que se deduz pelos materiais e técnicas utilizados. Nele é retratada, frontalmente, uma jovem negra nua, a não ser pela veste branca que sustém com a mão direita, o que não impede a visão de seu sexo e de seu seio esquerdo, mas parecendo, pelo segurar da veste, que ela hesita em deixar-se ver por um contemplador que figura no quadro. Esse contemplador, que olha para a moça e dá as costas para quem olha para o quadro, vê-se, por uma batina e pelo círculo cortado em seu cabelo, que é um padre ou seminarista, branco e jovem.
O local em que se encontram é o interior de um casebre de pau a pique, com o chão de terra batida, e o aposento é mobiliado apenas com um catre, um banco e uma mesa tosca, sobre a qual há uma moringa e um caneco. E pela janela aberta vê-se um matagal.
No quadro, não há assinatura nem data, mas é de supor que represente os tempos da escravatura ou próximos a esses.
(O homem-mulher, 2014.)
“trazido aos andares superiores para alguma exposição. Na verdade, apenas um funcionário, de tempos em tempos, vê a pintura” (1º parágrafo)
No contexto em que está inserida, a expressão “Na verdade” introduz
um novo elemento que complementa a informação anterior.
um dado que deixa evidente que a informação anterior é falsa.
um elemento inteiramente novo que fornece uma informação independente da anterior.
uma correção a um dado equivocado informado anteriormente.
uma afirmação que é consequência da afirmação anterior.