Leia o trecho do capítulo CXLIV de Memórias póstumas de Brás Cubas, romance de Machado de Assis, para responder à questão.
Depois do almoço fui à casa de D. Plácida; achei um molho de ossos, envolto em molambos, estendido sobre um catre velho e nauseabundo; dei-lhe algum dinheiro. No dia seguinte fi-la transportar para a Misericórdia, onde ela morreu uma semana depois. Minto: amanheceu morta; saiu da vida às escondidas, tal qual entrara. Outra vez perguntei, a mim mesmo, como no capítulo LXXV, se era para isto que o sacristão da Sé e a doceira trouxeram D. Plácida à luz, num momento de simpatia específica. Mas adverti logo que, se não fosse D. Plácida, talvez os meus amores com Virgília tivessem sido interrompidos, ou imediatamente quebrados, em plena efervescência; tal foi, portanto, a utilidade da vida de D. Plácida. Utilidade relativa, convenho; mas que diacho há absoluto nesse mundo?
(Memórias póstumas de Brás Cubas, 1998.)
Ao se referir à utilidade da vida de D. Plácida, o personagem Brás Cubas revela
um sentimento de gratidão, porque reconhece que, graças a ela, enriqueceu a ponto de viver tranquilamente com sua amada.
uma postura egoísta, porque avalia a importância da existência da senhora de acordo com os interesses particulares dele.
um pensamento maldoso, porque sugere que a senhora mereceu morrer na pobreza, por não ter cuidado da fortuna dos pais dela.
uma visão idealista, porque afirma que, ao cultivar o amor, ela contribuiu para melhorar a sociedade como um todo.
um comportamento ingênuo, porque defende que cada ser humano pode mudar o mundo, ainda que seja por meio de pequenos gestos.