Leia o trecho de Menino de engenho, de José Lins do Rego, para responder a questão.
Eu passava o dia inteiro rondando os oficiais nas suas confidências. Contavam a história de uns carpinas num engenho do Brejo.
– O senhor de engenho só mandava para eles bacalhau, na janta e no almoço. Passavam o dia inteiro bebendo água com a boca seca. Um dia um deles disse para o negro que não gostava de bacalhau, que não aguentava mais aquilo. No outro dia o tabuleiro com a comida chegou: era peru. E peru de tarde. E a semana toda, peru. Num domingo, o mestre saiu para dar umas voltas nos arredores. Viu um negro com uma porção de urubus nas costas:
– O que é isto, moleque?
– É peru pros carpinas.
Os oficiais anoiteceram e não amanheceram na propriedade. E rebentou ferida pelo corpo deles. Estiveram para morrer um tempão.
(Menino de engenho. Rio de Janeiro, José Olympio, 2000)
Publicado em 1932, Menino de engenho representa a prosa
regionalista comprometida em retratar a vida de moradores do Nordeste brasileiro.
romântica voltada para a exaltação idealizada do território brasileiro e sua gente.
psicológica especializada em investigar o funcionamento da mente humana.
surrealista empenhada em empregar a lógica dos sonhos na criação ficcional.
naturalista engajada com o estudo do comportamento humano a partir da ciência.