Leia o trecho da crônica de Machado de Assis, escrita em 1861, para responder a questão.
Começo por uma raridade, não uma dessas raridades vulgares de que fala uma personagem de teatro, mas uma raridade vulgarmente rara: — o governo de acordo com a opinião.
Os complacentes e os otimistas hão de rir; não assim os julgadores severos; esses dirão consigo: — é verdade! — A opinião havia acolhido com entusiasmo a unificação da Itália; o governo acaba de reconhecer com prazer e sem delongas acintosas o novo reino italiano. Não é caso de milagre, mas também não é comum.
Afez-se o país por tal modo a ver no governo o seu primeiro contraditor, que não pôde reprimir uma exclamação quando o viu pressuroso concluir o ato diplomático a que aludo. E por que não havia de fazê-lo? Perguntará o otimista. Eu sei! por descuido, por cortesania, por qualquer outro motivo, mas a regra é invariável: o governo sempre contrariou a opinião.
(Comentários da semana, 2008.)
Assinale a alternativa que apresenta um trecho do texto e uma figura de linguagem que nele ocorre.
“não assim os julgadores severos; esses dirão consigo: — é verdade!” (2º parágrafo); hipérbole.
“não assim os julgadores severos; esses dirão consigo: — é verdade!” (2º parágrafo); personificação.
“o governo sempre contrariou a opinião” (3º parágrafo); pleonasmo.
“Começo por uma raridade, não uma dessas raridades vulgares de que fala uma personagem de teatro” (1º parágrafo); paradoxo.
“Começo por uma raridade, não uma dessas raridades vulgares de que fala uma personagem de teatro” (1º parágrafo); eufemismo.