Leia o trecho abaixo escrito pelo médico legista e psiquiatra Nina Rodrigues.
A concepção espiritualista de uma alma da mesma natureza em todos os povos, tendo como consequência uma inteligência da mesma capacidade em todas as raças, apenas variável no grau de cultura e passível, portanto, de atingir, mesmo em um representante das raças inferiores, o elevado grau a que chegaram as raças superiores, é uma concepção irremessivelmente condenada em face dos conhecimentos científicos modernos.
RODRIGUES, Raimundo Nina. As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil. Salvador: Livraria Progresso, 1957. P.28.
Analisando o pensamento exposto de Nina Rodrigues, inserido no fim do século XIX, podemos compreender que
o dito de Nina Rodrigues se encaixa no pensamento imperialista em que grandes potências europeias tentaram legitimar sua dominação aos continentes africano e asiático, demonstrando como as qualidades e os defeitos dos diferentes povos eram exclusivamente fonte de seu meio social.
a teoria demonstrada no texto foi inspirada nas ideias de Thomas Malthus, economista britânico que desenvolveu a hipótese de que o aumento populacional traria maiores possibilidades genéticas e, por consequência, um aprimoramento evolucionista.
o autor foi influenciado pelo darwinismo social, desenvolvido pelo naturalista britânico Charles Darwin como forma de explicar a seleção natural, que privilegiava os mais fortes e adaptados diante dos demais, reforçando a dominação europeia sobre outros continentes.
fica clara a insatisfação contra o neocolonialismo europeu e contra sua dominação recorrente, visto que as raças eram tidas como de iguais condições quanto à possibilidade de evolução.
diversos intelectuais adotaram a existência de uma raça superior às demais, defendendo inclusive o incentivo à imigração de trabalhadores europeus como forma de branqueamento da população brasileira ao longo do tempo.