Leia o trecho a seguir do romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, escritor do realismo brasileiro.
“Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o Morro do Castelo, por mais que ouvissem falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como o clube. O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. Não obstante, continuavam a subir, como se fosse penitência, devagarinho, cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que desciam ou subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam espantados para elas, que aliás vestiam com grande simplicidade; mas há um donaire que se não perde, e não era vulgar naquelas alturas. A mesma lentidão do andar, comparada à rapidez das outras pessoas, fazia desconfiar que era a primeira vez que ali iam. Uma crioula perguntou a um sargento: ‘Você quer ver que elas vão à cabocla?’ E ambos pararam a distância, tomados daquele invencível desejo de conhecer a vida alheia, que é muita vez toda a necessidade humana” (ASSIS, Machado, 1904, p. 1 e 2).
Com base no trecho lido, assinale a alternativa que contém uma característica do movimento realista.
A maior subjetividade possível, exaltando aspectos pessoais e sentimentais das personagens, em um cenário muitas vezes caótico.
Crítica social, com ênfase no estilo de vida burguês que enaltece os hábitos de vida da aristocracia, que vive a vida ao seu máximo.
Objetividade, com grande ênfase nos aspectos científicos e positivistas, que analisam e destrincham o comportamento humano.
Objetividade e crítica social, rejeitando o estilo de vida burguês ao centralizar personagens populares em seus espaços, hábitos e pensamentos.
Enfoque nas mudanças sociais, criticando o avanço das máquinas e as alterações no tempo, no estilo de vida e no trabalho.