Leia o texto Tragédia brasileira, de Manoel Bandeira:
Misael, funcionário público da Fazenda, com 63 anos de idade.
Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituta com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado da Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo que ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa. Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava um namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 2009, pp. 135-136.)
Assinale a alternativa que corretamente evidencia uma das características da modernidade nesse texto de Manuel Bandeira:
A quebra sintática e semântica da sequência narrativa.
O excesso de sentimentalismo tipicamente romântico.
A mistura de gênero narrativo, dramático e lírico.
A releitura da tragédia fiel aos princípios grego