Leia o texto para responder à questão.
Um dia, recebi um telefonema do meu querido amigo Roberto Carlos. Ele queria saber se poderia usar, na mesma quadra de uma de suas composições, pronomes misturados de 2a e 3a pessoas. Mesmo sabedor da liberdade literária, que é dada aos poetas, disse ao nosso maior cantor que era preferível acatar a concordância pronominal, empregando em cada quadra um só tratamento. É isso aí, bicho.
(Arnaldo Niskier. Na ponta da língua, 2001.)
Considerado o registro de linguagem, a citação da frase de Roberto Carlos — “É isso aí, bicho” — tem a função de
confirmar a ideia de que é possível misturar pronomes de 2a e 3a pessoas, como sugere o cantor.
romper com a formalidade da explicação, já que se recupera uma gíria que notabilizou o cantor.
mostrar que o cantor é um sabedor da liberdade literária e, por essa razão, pode recorrer a ela.
enaltecer o poder de criação do cantor, mas reprovar o uso indistinto de pronomes de 2a e 3a pessoas.
desqualificar a linguagem coloquial como forma legítima de expressão, mesmo a do cantor.