Leia o texto de Nílson José Machado para responder à questão.
Uma imagem comum para representar o que é o conhecimento é a do iceberg. Nesse caso, a ideia norteadora é a de que nosso conhecimento sobre qualquer tema é sempre apenas parcialmente explícito, ou passível de explicitação, sendo, na maior parte, tácito, subjazendo como a parte submersa de um iceberg. Cada um de nós sempre sabe muito mais, sobre qualquer assunto, do que aquilo que consegue explicitar, expressar em palavras. Os mecanismos da percepção são muito mais ricos e complexos do que imaginam as simplificadas teorias baseadas em associações do tipo estímulo e resposta. Também como docentes, sempre ensinamos muito mais do que pretendemos explicitamente, para o bem e para o mal, servindo tacitamente de exemplo ou de contraexemplo. A parte submersa do conhecimento de que dispomos, que aprendemos ou que ensinamos é, no entanto, absolutamente fundamental para sustentar o que conseguimos explicar. A educação escolar formal seria sempre orientada pela busca de uma ampliação na capacidade de explicitação. Um adulto não escolarizado sabe muitas coisas, mas busca na escola o desenvolvimento de tal capacidade. Como seres humanos, nosso conhecimento pessoal sempre estaria representado por estes dois domínios fundamentais: o tácito1 e o explícito. Articulá-los, arquitetando estratégias de emergência do tácito, seria função precípua2 do trabalho escolar. Mas sabemos que nunca será possível explicitar tudo o que se conhece. Assim como em cada pessoa convivem e articulam-se as dimensões consciente e inconsciente, também estamos “condenados” a um permanente ir e vir entre o que se sabe tacitamente, o que se incorporou por meio de vivências, hábitos e estratégias culturais e o conhecimento de que precisamos dar “provas” explícitas nos processos de avaliação.
(Conhecimento e valor, 2004. Adaptado.)
1 tácito: aquilo que não é expresso, que não é dito.
2 precípuo: mais importante, principal.
A imagem clássica do iceberg é utilizada neste texto para explicar uma concepção de conhecimento.
Segundo tal concepção,
as pessoas utilizam apenas uma pequena parte de suas capacidades mentais, o restante fica ocioso.
os mistérios do comportamento humano poderiam ser explicados com o aprofundamento das pesquisas sobre eles.
uma parte do conhecimento de qualquer pessoa pode ser expressa em palavras, enquanto uma outra parte é menos visível e menos consciente.
o conhecimento útil de uma pessoa esconde uma fração maior, inútil e inexplicável, do conhecimento que possui.
a aparente racionalidade de algumas pessoas é na verdade um conjunto de explicações falsas para um conjunto de crenças e dogmas.