UNITINS 2017

Leia o texto com atenção para responder à questão

 

Difícil tarefa

Lya Luft 29/10/2016

    Quando crianças, o tempo para nós é sempre "agora": brincar, mamãe, com sorte mais carinho do que violência, coisas desse tipo. Somos imediatistas. Depois, ainda pequenos, contamos o tempo pelas vezes em que teremos de dormir: "Quantas vezes tenho de dormir até o Natal? Até o aniversário?".

    Saindo do limbo da infância, começamos a ter projetos. Precisamos ter projetos. Nos dizem que temos de ter projetos, mais do que desejos ou sonhos, porque estamos ficando "grandes" e precisamos ser responsáveis. Alguns sonhos e desejos podem se transformar em projetos cada vez mais complexos e a mais longo prazo, à medida que nos tornamos adultos. Com eles chegam as frustrações: eu queria ser rico, acabei remediado, queria ser famoso, sou um anônimo. Eu queria ser médico, acabei taxista. Eu queria ser modelo, virei uma acomodada dona de casa; eu quis viajar o mundo, e só agora, quase na velhice, vou conhecer o Rio.

    A frustração tem a medida do desejo que não se realizou, ou da nossa incapacidade de nos adaptarmos ao real – sem perder a capacidade de voar. Não é preciso pisar na Lua para ser bem-sucedido, nem ter um Everest de dólares para se sentir bem na própria pele, isso que eu chamo de "ser feliz". Gostar do que conseguimos: fazer caber nossas alegrias, isso que fazemos, desde que não nos humilhe nem degrade. Por que não posso ser bem-sucedida tendo uma casa simples mas acolhedora e uma família em que, apesar das brigas naturais, nos apoiamos uns aos outros em lugar de criticar? Por que conduzindo pessoas num táxi não posso fazer bem a elas e sustentar minha gente? Por que não sendo modelo, mesmo assim não posso me achar bonita, simpática, rica de emoções e coisas boas?

    O problema maior é descobrir quem somos, o que desejamos e o que podemos. Ignorar, superar os preconceitos, as regras, as receitas de ser bem-sucedido e feliz. Empoderamento, palavra clichê do momento (até rimou), me aborrece um pouco. Por que teríamos de ser todos poderosos? Importa, mais que isso, sermos decentes, dignos, úteis, amorosos, compassivos, criativos, e capazes de ver – mesmo na correria desta vida moderna – a beleza das nuvens disparando no céu, a dança das copas das árvores ou das ondas do mar quando venta forte. De telefonar para o amigo em dificuldade, dedicar um tempo aos filhos, ou aos pais, escutar o parceiro com carinho, enfim, sermos humanos sem maior complicação.

    Para entender quem somos, quem queremos ser, quem podemos ser – não o que os outros, a turma, a sociedade, querem que sejamos –, é preciso parar pra pensar. "Parar pra pensar? Nem pensar! Se eu paro pra pensar, desmorono", é a frase mais comum. Então esse deveria ser nosso heroísmo fundamental: interromper a agitação, um momento que seja, clarear a paisagem interior dominando a impaciência e o pessimismo. Enfrentando como podemos a realidade de um país confuso num mundo conturbado, na floresta de enganos em que se desperdiçam bons amores e desejos. Assim talvez sejam menos dolorosas as inevitáveis frustrações que por toda parte espreitam – porque viver, e conviver, sem perder a bondade nem a coragem, é difícil tarefa.

(LUFT, Lya. Difícil tarefa. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colunistas/lya-luft/noticia/2016/10/dificil-tarefa- 8058075.html>. Acesso em: 1 nov. 2016).

Analise com atenção os operadores argumentativos grifados nos trechos a seguir:

“Quando crianças, o tempo para nós é sempre ‘agora’ [...].”

“Nos dizem que temos de ter projetos, mais do que desejos ou sonhos, porque estamos ficando ‘grandes’ e precisamos ser responsáveis.”

“Alguns sonhos e desejos podem se transformar em projetos cada vez mais complexos e a mais longo prazo, à medida que nos tornamos adultos.”

“Para entender quem somos, quem queremos ser, quem podemos ser – não o que os outros, a turma, a sociedade, querem que sejamos –, é preciso parar pra pensar.”

“Se eu paro pra pensar, desmorono [...].”

 

Os termos grifados indicam, respectivamente:

a

tempo, finalidade, tempo, conformidade e condição.

b

tempo, causa, proporcionalidade, finalidade e condição.

c

proporcionalidade, causa, tempo, finalidade e finalidade.

d

tempo, finalidade, proporcionalidade, conformidade e causa.

e

tempo, explicação, tempo, conformidade e condição.

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Resposta
B
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